A Associação Brasileira de Investidores (Abradin) afirmou hoje (22) que vai entrar com ação civil pública contra a operação de venda do controle da divisão comercial da Embraer para a norte-americana Boeing, por entender que a transação deveria disparar uma oferta pública de aquisição de ações para todos os acionistas da fabricante brasileira de aeronaves.
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O processo será encaminhado junto à 24ª vara civil federal de São Paulo do Tribunal Regional Federal da 3ª região.
A ação quer que a Justiça anule reunião do conselho de administração da Embraer de julho do ano passado que autorizou as negociações da companhia com a Boeing.
O conselho da Embraer ratificou acordo para o que chama de joint venture com a Boeing em 11 de janeiro, depois que o governo do presidente Jair Bolsonaro anunciou ter aberto mão do direito de veto que possui na Embraer em questões estratégicas.
“Não existe ‘joint venture’, isso é sofisma da administração da Embraer. Existe cisão seguida de venda”, afirmou o presidente da Abradin, Aurelio Valporto. “O que restar da Embraer não sobreviverá, a médio prazo, sem pesados subsídios estatais, daí as perspectivas de rebaixamento anunciadas pelas agências de rating, como Standard & Poor’s e Fitch”, acrescentou.
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Representantes da Embraer afirmaram que a empresa não comentará o assunto.
Alguns dias depois, a companhia brasileira anunciou que estima ter uma posição líquida de caixa quando concluir a venda do controle de sua divisão de aviação comercial para a Boeing, mas alertou que terá lucro pequeno ou zero nos próximos dois anos.
Hoje, o Credit Suisse cortou o preço-alvo dos recibos de ações da Embraer negociados nos Estados Unidos de US$ 28 para US$ 24.
As ações da Embraer exibiam queda de 1,2% às 10h50 na Bovespa, cotadas a R$ 19,89. No mesmo horário, o Ibovespa exibia baixa de 0,21%.