A Cielo teve no quarto trimestre nova rodada de forte queda do lucro, acusando os efeitos do aumento do número de concorrentes no mercado de cartões. A maior empresa de meios eletrônicos de pagamentos do país anunciou nesta segunda-feira que teve lucro líquido de R$ 724,1 milhões no período, uma queda de 30,6% ante mesma etapa de 2017. O resultado operacional da companhia medido pelo lucro antes de impostos, juros, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) somou R$ 1,09 bilhão entre outubro e dezembro, um declínio de 20,8% no comparativo anual. A margem Ebitda despencou 9,1 pontos percentuais, a 36,3%.
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A despeito da gradual melhora da atividade econômica do país, o volume financeiro de pagamentos processados por meio de terminais da Cielo encolheu 1,3% na comparação ano a ano, para R$ 167 bilhões. Consequentemente, a receita líquida da companhia que tem o controle dividido entre Bradesco e Banco do Brasil, caiu 0,8%, a R$ 3,01 bilhões. A empresa atribuiu a queda à “menor receita de aluguel e ao ajuste de preço em face do ambiente competitivo atual”.
Além das receitas cadentes com aluguel de terminais e com as taxas de desconto cobradas de lojistas (MDR), a Cielo também viu seu resultado com antecipação de recebíveis desabar 40,3%, para R$ 312,6 milhões.
Com a entrada agressiva de rivais como PagSeguro e Stone e da pressão sobre as margens, a Cielo iniciou no ano passado uma campanha de venda de terminais de pagamentos com bandeiras de Bradesco e BB, por meio da unidade Stelo, o que a ajudou a reverter uma queda sequencial na base de terminais.
No fim de 2018, incluindo Stelo, o total de terminais ativos da Cielo era de 1,198 milhão de unidades, quase 100 mil a mais em três meses. Porém, o número ainda foi inferior aos 1,244 milhão de equipamentos no final de 2017. Considerando apenas os equipamentos da bandeira Cielo, a queda foi de 270 mil. E, apesar da forte queda nas receitas, as despesas da Cielo no trimestre, de R$ 511,4 milhões, foram 42% superiores do que um ano antes, impulsionadas sobretudo por maiores gastos com marketing.
A empresa, cujas ações caíram 60% na bolsa em 2018, afirmou no relatório de resultados que trabalhará “com preços competitivos” neste ano e sinalizou que não pretende se concentrar na “liderança nos mais variados segmentos de nossa indústria”. O presidente-executivo da Cielo, Paulo Caffarelli, que assumiu a companhia após deixar o comando do BB em outubro, comenta os resultados da companhia com analistas na terça-feira pela manhã.