A Nissan ampliou a investigação sobre seu ex-presidente Carlos Ghosn para incluir negócios nos Estados Unidos, na Índia e na América Latina, disseram três pessoas com conhecimento do assunto.
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Parte da investigação interna se concentra em decisões tomadas nos EUA por José Munoz, que liderou as operações da Nissan na América do Norte de 2014 a 2018, disseram as pessoas. Munoz recentemente entrou em licença devido à investigação, acrescentaram.
A montadora disse este mês que Munoz, visto dentro da indústria como próximo de Ghosn, estava de licença “para permitir que ele ajude a empresa concentrando-se em tarefas especiais decorrentes de eventos recentes”.
Munoz não está cooperando com os investigadores, disseram duas fontes.
Uma das fontes descreveu Munoz, que atualmente dirige as operações da Nissan na China, como uma “pessoa de interesse” da investigação, acrescentando não estar claro se ele será acusado de algum delito. Munoz, de 53 anos, não respondeu aos pedidos de entrevistas.
As fontes conversaram com a Reuters na condição de anonimato devido à sensibilidade do tema. O advogado de Ghosn, Motonari Otsuru, disse não teve conhecimento do assunto.
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Algumas das questões colocadas a Munoz dizem respeito a contratos com fornecedores de peças e prestadores de serviços aprovados quando ele estava no comando das operações da Nissan nos EUA, disse uma fonte.
Os negócios de Ghosn nos EUA estão sendo compartilhados com procuradores. Os promotores de Tóquio se recusaram a comentar.
A Nissan informou que sua investigação interna descobriu “evidência substancial e convincente de má conduta” por parte de Ghosn e que seu escopo está se expandindo.
Ghosn, outrora um dos executivos mais famosos do setor automotivo e âncora da aliança entre Nissan e Renault, foi acusado de subavaliar sua renda. Ele também foi acusado de violação de confiança, por ter transferido perdas de investimento pessoal no valor de 1,85 bilhão de ienes (US$ 17 milhões) para a Nissan.
Em sua primeira aparição pública desde sua prisão em 19 de novembro, Ghosn declarou inocência no tribunal na terça-feira (8), dizendo que nunca recebeu uma compensação não divulgada e que a Nissan não sofreu nenhuma perda devido a uma transferência temporária de um contrato pessoal de câmbio. A transferência foi uma medida adotada para impedi-lo de ter que renunciar e usar seus fundos de aposentadoria como garantia, disse Ghosn.
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Fontes a par do assunto disseram ainda que os investigadores da Nissan estão examinando outras decisões de revendedores em vários países onde Ghosn desempenhou um papel na tomada de decisões para ver se houve algum desvio de conduta. Em particular, a montadora analisa o papel do executivo no que descreve como decisão surpresa em 2008, quando escolheu a Hover Automotive Índia (HAI) como parceira da Nissan para marketing, vendas, pós-venda e desenvolvimento de revendedores na Índia.
Uma empresa diferente, a TVS, tinha sido escolhida depois de muita pesquisa pela gerência da Nissan na Índia, até que Ghosn interveio pessoalmente no último minuto para pressionar a HAI, disseram quatro membros da Nissan. Eles acrescentam que, em 2012, a HAI tornou-se a empresa nacional de vendas exclusiva da Nissan em território indiano, apesar de ser relativamente inexperiente na distribuição de veículos aos revendedores.
A Reuters não conseguiu encontrar um representante da HAI, que, segundo o registro de empresas da Índia, foi dissolvida em setembro de 2018. A TVS não respondeu aos pedidos de entrevista.
A investigação também avalia o que parecem ser pagamentos excessivos para os serviços de guarda-costas de Ghosn no Brasil, disse uma das fontes.
O advogado do executivo, Otsuru, não respondeu aos pedidos de comentários sobre a expansão da investigação da Nissan em negócios na Índia e no Brasil. Um representante dos EUA para Ghosn também se recusou a comentar.
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Uma fonte disse, ainda, que a montadora está conduzindo auditorias de alguns parceiros de distribuição no Oriente Médio, incluindo a Al-Dahana, da Arábia Saudita, que possui metade de uma joint venture chamada Nissan Gulf, com a outra metade ocupada por uma unidade integral da Nissan.
É improvável que Ghosn receba fiança e o executivo deve seguir detido até o julgamento, como costuma acontecer no sistema criminal do Japão, disse Otsuru nesta semana. O julgamento de Ghosn pode não começar antes de seis meses, acrescentou.