O diretor-presidente da Vale, Fabio Schvartsman, afirmou hoje (25) que a empresa já contatou cerca de 100 dos 300 funcionários próprios ou terceirizados que foram atingidos pelo desabamento de um complexo de barragens em Brumadinho, em Minas Gerais, nesta sexta-feira. A informação é próxima de número divulgado pelo Corpo de Bombeiros, que mais cedo apontou 200 desaparecidos mas mais tarde reduziu o número para cerca de 150. Schvartsman disse ainda que empresa não sabe quantos funcionários foram soterrados pela lama da barragem da mina de ferro Feijão. “Estamos falando de uma quantidade provável grande de vítimas, não sabemos quantas são, mas sabemos que será um número grande”, disse o presidente da Vale.
LEIA MAIS: Barragem da Vale se rompe em Brumadinho, em Minas
A barragem estava em processo de descomissionamento e já não vinha recebendo rejeitos de mineração nos últimos tempos, segundo Schvartsman. O executivo, que disse estar “dilacerado” pelo acidente, acrescentou que a companhia foi surpreendida com a tragédia, uma vez que testes recentes na barragem demonstraram normalidade. “A maioria dos atingidos são nossos próprios funcionários, nós tínhamos no momento do acidente aproximadamente 300 funcionários, próprios e terceiros trabalhando naquele local. Nós não sabemos quantos foram acidentados porque houve um soterramento pelo produto vazado da barragem”, disse ele, em entrevista a jornalistas. “É também importante que a gente saiba que essa é uma barragem inativa, há mais de três anos ela não opera e ela estava em processo de descomissionamento…”, acrescentou.
Ele explicou que a surpresa da companhia com a tragédia, deve-se a atestados de auditorias externas, feitas por empresas especializadas, que citavam estabilidade do complexo. A empresa criou um comitê de ajuda humanitária para prestar assistência aos atingidos pelo rompimento da barragem e mobilizou cerca de 40 ambulâncias na região.
Segundo informações da Vale, o Complexo de Paraopeba, onde está a mina de Feijão, produziu em 2017 cerca de 26 milhões de toneladas de minério ferro, representando 7% da produção da Vale naquele ano. Além de Feijão, o complexo tem outras três minas, uma jazida e duas usinas de beneficiamento.
Schvartsman disse que uma única barragem do complexo se rompeu. Segundo ele, “uma segunda barragem transbordou, porque parte do vazamento se dirigiu a essa segunda barragem e houve um transbordamento, mas ela não rompeu”.
O Ministério de Meio Ambiente, porém, afirmou mais cedo que três barragens do complexo se romperam. Schvartsman disse que “é provável” que as sirenes de alerta de rompimento tenham funcionado, mas a velocidade com que o acidente ocorreu impediu que o alerta evitasse uma tragédia maior.
Comparando com o rompimento de barragem de Fundão, em Mariana, em 2015, que deixou 19 mortos, o presidente da Vale disse que “possivelmente o dano ambiental dessa vez será menor. Como era uma barragem inativa, o material dentro da barragem já era razoavelmente seco e consequentemente não tem esse poder de se deslocar por longas regiões. A parte ambiental deve ser muito menor e a tragédia humana terrível.”