A comercializadora de energia Linkx avisou clientes que não conseguirá cumprir contratos de venda com que se comprometeu e pediu a abertura de negociações em busca de uma “solução amigável”, de acordo com documento visto pela Reuters.
LEIA MAIS: Zhejiang Energy mira chances em energia no Brasil
A empresa alegou que foi afetada por volumes de chuva abaixo do previsto e por problemas de uma outra empresa, sem citar nomes.
O movimento da Linkx ocorre pouco após uma outra comercializadora, a Vega Energy, ter anunciado que não tem recursos para cumprir compromissos comerciais de 2018, em meio a uma disparada dos preços devido à falta de chuvas que deixou a empresa negativamente exposta em cerca de R$ 180 milhões no mercado de eletricidade.
Na época em que vieram à tona notícias sobre a Vega Energy, operadores deste mercado já temiam que uma ou mais comercializadoras pudessem estar em situação semelhante ou sujeitas a pesados impactos por um eventual calote no setor.
Na notificação, cujo teor foi confirmado pela Reuters junto a um cliente da comercializadora, a Linkx disse que “por motivos alheios à sua vontade” viu-se “impossibilitada de disponibilizar no ponto de entrega a quantidade de energia que estava prevista no contrato para entrega no último dia 8 de fevereiro”.
O aviso foi enviado hoje, último dia para que empresas do mercado de eletricidade validem junto à Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) registros de contratos para a liquidação das operações referentes a janeiro, que será realizada em março.
VEJA TAMBÉM: Casa dos Ventos quer vender energia e fatias em eólicas
“Os últimos meses sofreram com volume de chuvas muito abaixo do previsto, resultando em desequilíbrio no setor de energia elétrica. A notificante, aliás, foi largamente prejudicada por tal condição, na medida em que vários de seus ajustes contratuais também não foram honrados pela outra parte, tornando impossível o cumprimento do contrato”, escreveu a Linkx, sem citar empresas.
Procurada, a Linkx Comercializadora de Energia não respondeu de imediato a pedidos de comentário sobre o teor das notificações.
Não foi possível saber de imediato os volumes, valores ou número de empresas envolvidas em operações com a comercializadora.
A Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), responsável por monitorar as operações do mercado de eletricidade, afirmou que não comentará o assunto.
Quando uma empresa não possui energia própria ou comprada junto a terceiros para cumprir com seus contratos de venda no mercado, estes são suspensos, o que deixa os compradores expostos a multas e à necessidade de comprar energia aos preços spot para cobrir o “rombo”.
E AINDA: Enel vende usinas de energia renovável por R$ 2,9 bi
Na notificação enviada aos clientes, a Linkx afirmou que “está à disposição para a realização de tratativas, a serem conduzidas presencialmente ou por meio eletrônico, com vistas a encontrar uma solução amigável que atenda aos interesses de todos os envolvidos”.
A empresa ainda alegou entender que não pode “ser responsabilizada pelo ocorrido” e citou “jurisprudência do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo” segundo a qual “a constatação de índice pluviométrico muito divergente da média prevista constitui fato extraordinário”.