O Santander Brasil avalia que o mercado nacional de Letras de Crédito do Agronegócio (LCAs) tem potencial para expansão de 20% a 30% neste ano após flexibilização de regras do setor, enquanto mantém aposta de crescimento de dois dígitos em sua carteira de crédito agrícola, disse hoje (25) um diretor do banco.
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Isenta de Imposto de Renda, a LCA é um título de renda fixa emitido por instituições bancárias e que tem lastro em empréstimos do agronegócio. No fim de janeiro, o Conselho Monetário Nacional (CMN) anunciou que 100% do volume de LCAs destinadas a produtores rurais seria negociado com taxas livres, pactuadas entre bancos e tomadores, versus 60% anteriormente.
“Com essa simplificação, o mercado inteiro poderá crescer. A gente acha que pode crescer de 20% a 30%… Não foi a maior mudança do setor, mas vai incentivar esse crescimento”, afirmou o diretor de Agronegócios do Santander, Carlos Aguiar, durante coletiva com jornalistas em São Paulo.
O mercado de LCAs no Brasil fechou 2018 em quase R$ 150 bilhões, com o Santander detendo 8% de “market share”, conforme dados do Banco Central.
Para Aguiar, a alteração “ajuda o governo no próximo Plano Safra”, já que auxilia na oferta de recursos para custeio e investimento da produção em um cenário de aperto fiscal.
O executivo ainda elogiou a decisão recente do CMN quanto a destinação de R$ 6 bilhões de depósitos à vista e da poupança rural para pequenos produtores, ao mesmo tempo em que eliminou a exigibilidade de até 25% de crédito de custeio a juros controlados que bancos deveriam destinar a cooperativas, mantendo-se o percentual mínimo para Pronaf e Pronamp.
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“O governo mostra uma característica inovadora, de que está pensando diferente… Uma leitura mais de mercado… Espero que essa leitura técnica, que essa inteligência siga. O governo tem clara noção de que precisa ajudar o pequeno e o médio [produtor] e que os grandes e a agroindústria precisam usar o mercado [livre]”, disse Aguiar.
PERSPECTIVAS
O diretor de Agronegócios do Santander disse esperar que a carteira total de crédito agrícola ampliada da instituição cresça na casa de dois dígitos neste ano, “no mínimo 15%”, após apresentar alta de 26% em 2018 ante 2017, para R$ 16,3 bilhões.
Apesar desse crescimento, o Santander manteve no ano passado a quinta posição entre os bancos que financiam o agronegócio brasileiro, com participação de 5,4%, ante 4,64% no fim de 2017. O ranking é, de longe, liderado pelo Banco do Brasil.
“Gostaria de crescer minha carteira entre 30% e 40%. Com certeza espero fazer mais de 15%, com mix da carteira mais livre do que com recursos obrigatórios”, destacou o executivo, ainda referindo-se à expectativa de menor dependência de recursos do governo para a safra brasileira, em meio a uma conjuntura da taxa básica (Selic) em mínima histórica.
Nos últimos anos, o Santander vem apostando com força no agronegócio do Brasil, um dos maiores produtores de alimentos do mundo e líder em exportação de commodities como soja, açúcar, café e carne de frango.
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Para 2019, a meta do banco é abrir de 10 a 20 novas lojas Agro, após inaugurar 16 em 2017 e outras seis no ano passado. Espera-se que todos os Estados da região Sul tenham esse tipo de estabelecimento, onde os produtores são atendidos por gerentes especializados e contam com a assessoria de agrônomos.
Aguiar também destacou que prevê expansão do serviço de hedge de commodities agrícolas para seus clientes do agronegócio, algo antecipado pela Reuters em 2017.
As primeiras operações começaram no final do ano passado e, por ora, envolvem açúcar bruto, boi gordo, café arábica e soja em grão.
Em 2019, o Santander espera lançar o serviço também com farelo de soja, algodão e cacau.