O grupo chinês Zhejiang Energy Group (ZEG) começou a buscar oportunidades de investimento no Brasil, onde possui presença por meio de uma fatia minoritária na hidrelétrica de São Simão, operada pela também chinesa State Power Investment Corp (SPIC), disseram à Reuters duas fontes com conhecimento do assunto.
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Ainda não está claro a velocidade com que os chineses podem avançar com os planos ou se já há algum ativo específico no radar da empresa, mas a Zhejiang chegou a analisar no ano passado a possibilidade de participar do leilão de privatização da elétrica paulista Cesp, de acordo com uma das fontes.
Mais recentemente, no final de janeiro, um grupo de executivos da Zhejiang participou de reunião na Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) com o diretor-geral e a área internacional do órgão regulador.
“Eles estiveram interessados em olhar a Cesp no passado e acabaram não avançando. Mas eles têm interesse no mercado do Brasil”, afirmou uma das fontes, que falou sob a condição de anonimato.
O apetite dos chineses pelo Brasil no primeiro momento é principalmente por negócios que envolvam ativos já operacionais e de preferência de grande porte, acrescentou uma segunda fonte.
“Eles estão atentos às oportunidades, avaliando o potencial do Brasil, o mercado, principalmente oportunidades ‘brownfield’… Eles preferem entrar em um negócio redondo – e em negócios grandes”, afirmou.
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De acordo com essa segunda pessoa, a Zhejiang deve priorizar oportunidades no segmento de geração de energia, tanto em termelétricas a gás natural quanto em fontes renováveis, incluindo hidrelétricas, mas não há pressa e um primeiro movimento mais concreto do grupo pode levar até um ano e meio.
A diplomata Angélica Ambrosini, assessora internacional da Aneel, confirmou que o grupo esteve na autarquia, mas não detalhou os assuntos tratados na reunião com os chineses, realizada em 23 de janeiro. “Recebemos seguidas visitas aqui de investidores interessados nos mais variados campos de investimentos. O grupo chinês Zhejiang Energy Group veio à Aneel em contato inicial para apresentar à diretoria o portfólio da empresa”, disse ela à Reuters, em respostas por e-mail.
De acordo com a segunda fonte, havia algum receio dos chineses por declarações do presidente Jair Bolsonaro, que durante a campanha eleitoral insinuou que empresas chinesas têm muitas vezes um comportamento predatório em suas aquisições no Brasil. “Eles queriam saber, por exemplo, se há alguma restrição ao capital chinês… Mas foi aquela conversa para tranquilizar, foi dito que não há restrição e que se tiverem algum projeto em mente podem executar”, disse a fonte.
O setor de energia elétrica tem sido um dos principais alvos das empresas da China no Brasil – as gigantes State Grid e China Three Gorges Corporation fizeram aquisições vultosas no país nos últimos anos e já aparecem entre as maiores companhias do mercado local de eletricidade.
O Zhejiang Energy Group opera mais de 30 gigawatts em capacidade de geração, principalmente térmicas a carvão e a gás natural, segundo informações do site da empresa. O portfólio da companhia inclui também mais de 1 GW em hidrelétricas e mais de 1 GW em capacidade em renováveis, como energia solar e eólica.
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A título de comparação, a estatal Eletrobras, líder em geração no Brasil, tem 48 gigawatts em capacidade, enquanto a francesa Engie, maior geradora privada local, opera usinas com 9,4 gigawatts.
No Brasil, a Zhejiang possui até o momento apenas a fatia de 35% na hidrelétrica de São Simão, entre Goiás e Minas Gerais, por meio da subsidiária internacional Zhejiang Energy International.
A hidrelétrica de São Simão, com 1,7 gigawatt em capacidade, tem como principal acionista a chinesa SPIC, que arrematou o empreendimento em setembro de 2017 por R$ 7,18 bilhões.