O Ibovespa fechou em queda de mais de 3% hoje (27), para abaixo dos 92 mil pontos, com agentes financeiros enxergando maiores riscos para a reforma da Previdência e com o crescente receio com o ritmo de crescimento da economia global.
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Índice de referência da bolsa brasileira, o Ibovespa caiu 3,57%, a 91.903,40 pontos, na mínima do dia. O giro financeiro da sessão somou R$ 17,89 bilhões.
O alívio de ontem (26), quando o Ibovespa subiu 1,76% e quebrou uma série de cinco pregões de perdas, durou pouco, após deputados aprovarem uma PEC que reduz a margem de manobra do governo com o Orçamento, o que pode ser visto como sinal de insatisfação com o Planalto.
Em meio à falta de avanços da reforma da Previdência na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, agentes financeiros entenderam a votação como mais um sinal de que falta condução política do governo no Congresso, o que pode atrasar a tramitação do texto e implicar maior desidratação da proposta.
“O Executivo não mostra disposição para conversar com os parlamentares”, disse Pedro Menezes, membro do comitê de investimento de ações e sócio da Occam Brasil Gestão de Recursos, no Rio de Janeiro. “A impressão que fica é que o presidente Jair Bolsonaro não define corretamente suas prioridades e não há sinalização de que isso vai mudar”, afirmou. “O mercado não tinha na conta a inércia do presidente. E agora vai esperar atos concretos, não vai mais se levar por simples falas.”
No final da tarde, Bolsonaro afirmou à Band que é necessário aprovar a reforma da Previdência ou o país quebra e disse que deve se encontrar com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), na volta de viagem a Israel. Disse ainda que, da sua parte, não tem briga com ninguém.
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“O presidente optou por não baixar a temperatura da situação entre Executivo e Legislativo, levando um mercado já fragilizado para uma correção ainda mais acentuada”, disse o estrategista Dan Kawa, sócio na TAG Investimentos, em nota a clientes.
Mais cedo, o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, admitiu que o governo cometeu erros na relação com o Congresso, mas disse que não via a aprovação da PEC, que torna o Orçamento mais impositivo, como uma derrota do governo.
Apostas positivas ligadas às mudanças das regras das aposentadorias ajudaram o Ibovespa a tocar 100 mil pontos na semana passada. Desde então, o ganho acumulado do índice de mais de 10% no ano até dia 18 recuou a menos de 5%.
A participação do ministro da Economia, Paulo Guedes, na comissão do Senado não acalmou os ânimos, principalmente com o comentário de que não tem apego ao cargo, embora tenha ponderado que não tem a irresponsabilidade de sair na primeira derrota.
A pressão vendedora também encontrou respaldo no viés negativo em moedas de mercados emergentes, em meio a receios sobre desaceleração econômica. Em Wall Street os três principais índices fecharam no vermelho.
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