A Fiat Chrysler apresentou uma proposta de fusão de iguais com a Renault hoje (27) para criar a terceira maior montadora de veículos do mundo e enfrentar os custos de desenvolvimento de novas tecnologias e mudanças nas regulamentações do setor.
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Se a proposta seguir adiante, a aliança de mais de US$ 35 bilhões vai alterar o cenário do mercado para rivais que incluem General Motors e PSA Group, que até recentemente mantiveram negociações não concluídas com a Fiat Chrysler (FCA). O negócio também pode incentivar novas transações semelhantes.
A Renault afirmou que está estudando a proposta do grupo ítalo-americano com interesse e que considera a oferta como amigável.
As ações da ambas as empresas saltaram mais de 10%, com investidores dando boas vindas a um grupo automotivo que produzirá mais de 8,7 milhões de veículos por ano e que poderá ter economias de custos anuais de € 5 bilhões.
A união, se bem sucedida, criará o terceiro maior grupo de veículos do mundo, atrás da japonesa Toyota e da alemã Volkswagen.
No Brasil, a fusão reforçará posição de liderança de vendas do grupo FCA, à frente de General Motors e Volkswagen. De janeiro a abril, segundo dados da associação de concessionários Fenabrave, as vendas de carros e comerciais leves da FCA somaram 148,4 mil unidades ante 144,4 mil da GM e 116 mil do grupo alemão. Já a Renault, quarta maior marca do mercado brasileiro, adicionaria na conta da FCA mais 70,5 mil unidades vendidas no primeiro quadrimestre do ano.
Mas analistas alertaram sobre grandes complicações, incluindo a aliança atual da Renault com a Nissan, o papel do Estado francês, que é o maior acionista da Renault, e potencial oposição de políticos e trabalhadores a cortes de custos.
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“O mercado vai avaliar com cuidado as sinergias apresentadas uma vez que muito já foi prometido antes e não houve uma única fusão de iguais no setor que já tenha sido bem sucedida”, disse o analista Arndt Ellinghorst, da Evercore ISI.
Com estas sensibilidades em mente, a FCA propôs uma fusão toda em ações que ficará sob uma holding holandesa. Depois de um dividendo de € 2,5 bilhões aos atuais acionistas da FCA, os investidores de ambas as empresas terão cada qual metade da companhia combinada. A família Agnelli controla 29% da FCA.
O grupo combinado será presidido pelo diretor dos investimentos da família Agnelli, John Elkann, afirmaram fontes com conhecimento do assunto à Reuters. Enquanto isso, o presidente do conselho de administração da Renault, Jean-Dominique Senard, provavelmente será presidente-executivo da companhia.
O vice premiê italiano, Matteo Salvini, afirmou que a fusão pode ser boa notícia se ajudar a FCA a crescer, mas é crucial que o negócio preserve empregos. Ele não comentou sobre a participação de 15% do governo francês na Renault, mas um importante parlamentar no partido governista Liga afirmou que Roma pode também querer uma participação na nova empresa para equilibrar a fatia detida por Paris.
Em carta aos funcionários vista pela Reuters, o presidente-executivo da FCA, Mike Manley, alertou que a fusão com a Renault pode levar mais de um ano para ser concluída.
A FCA tem um negócio altamente lucrativo na América do Norte com as picapes RAM e a marca Jeep, mas perdeu dinheiro na Europa no último trimestre, onde a maior parte de suas fábricas está operando abaixo de 50% da capacidade e enfrenta dificuldades com normas mais rígidas de emissões de poluentes.
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A Renault, enquanto isso, foi uma das primeiras empresas a investir em veículos elétricos e tem forte presença em mercados emergentes, como a FCA no Brasil, mas não tem negócios nos Estados Unidos.
Um acordo, porém, faria pouco para resolver a limitada presença de ambos os grupos na China, maior mercado automotivo do mundo.
A FCA afirmou que a decisão pela fusão foi “fortalecida pela necessidade de se tomar decisões corajosas para capturar uma escala de oportunidades criadas pela transformação da indústria de veículos”.
O custo enorme destas mudanças, incluindo ameaças de novos entrantes como a Tesla em carros elétricos e Uber e Google em veículos autônomos, tem pressionado montadoras de veículos a trabalharem mais juntas, incluindo Volkswagen e Ford.
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