O governo do Sergipe enviou à Braskem um convite para que avalie a possibilidade de se instalar no Estado, em um momento em que a petroquímica foi forçada a paralisar atividades em Alagoas em meio a acusações de que o trabalho de mineração da companhia contribuiu para o fenômeno de afundamento de solo e interdição de vários edifícios em três bairros de Maceió.
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O convite foi feito pela Secretaria de Desenvolvimento Econômico de Sergipe na terça-feira (25) e cita que o Estado deve iniciar produção de petróleo e gás por meio da Petrobras e da Exxon a partir 2023 e que possui expressivas reservas minerais no subsolo com autorizações de pesquisa emitidas em favor da Braskem.
“Esperamos que nosso convite tenha boa-fé e receptividade, neste momento em que, conforme noticiado pela imprensa, a Braskem enfrenta dificuldades operacionais na sua unidade industrial de Maceió”, afirma o documento.
Na quarta-feira (26), o Tribunal de Justiça do Estado de Alagoas determinou o bloqueio de R$ 3,7 bilhões em contas da Braskem para garantir eventuais indenizações por danos causados em bairros de Maceió.
Segundo dados mais recentes do IBGE, Sergipe teve PIB de R$ 38,9 bilhões em 2016, uma queda de 5,2% sobre o ano anterior. Em comparação, o PIB de Alagoas foi de R$ 49,45 bilhões, apresentando recuo de 1,4%. Naquele ano, o PIB brasileiro despencou 3,3%.
O secretário de Desenvolvimento de Sergipe, José Augusto Carvalho, afirmou à Reuters que tem uma reunião marcada com representantes da Braskem para o início de julho, em que deverá discutir termos da oferta do Estado à companhia. A reunião deve ocorrer após um simpósio para discussão do potencial de gás natural em Sergipe marcado para 4 e 5 de julho.
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Segundo Carvalho, além da matéria-prima barata, gás, a ser produzida a partir de 2023 no Estado, a Braskem poderia contar com incentivo do Programa Sergipano de Desenvolvimento Industrial (PSDI), que prevê que companhias interessadas em investir em Sergipe podem contar com uma redução de 92% no ICMS que teriam que recolher até 2032.
Quando questionado sobre eventual interesse da Braskem em se instalar em Sergipe, Carvalho afirmou: “Acho que eles viram alguma viabilidade nisso por conta dos problemas que estão atravessando lá (Alagoas).” E ressaltou que as reservas minerais que poderiam ser exploradas pela empresa não estão “embaixo de alguma cidade”.
Procurada, a Braskem afirmou apenas que “vai enviar uma missão oficial liderada pelo presidente da empresa, Fernando Musa, para avaliar as oportunidades no Estado”. Já o governo de Alagoas não pode comentar de imediato.
No início de maio, Musa afirmou que a companhia estava estudando alternativas para suas operações em Alagoas. A Braskem extrai sal-gema, usado na produção de soda e cloro, por meio de vários poços instalados em diferentes áreas de Maceió e, segundo relatório do Serviço Geológico do Brasil, a atividade de mineração, exercida há décadas na cidade, desestabilizou cavidades e gerou afundamento de solo na capital alagoana.
A operação em Maceió faz parte da área de vinílicos da Braskem, que segundo Musa representa 3% a 5% do resultado global da companhia. “É relevante, mas não é algo que seria considerado material”, disse o executivo na ocasião.
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“O grande charme da região (de Sergipe) é o gás”, disse o secretário sergipano. “Estamos pegando carona nas estimativas do ministro (da Economia Paulo) Guedes, de que haverá uma redução do preço do gás pela metade, com colaboração do governo do Estado reduzindo os tributos”, disse Carvalho. Ele se referiu aos planos do governo federal para quebrar monopólio da Petrobras no setor.
Carvalho afirmou ainda que sua pasta elencou quatro cidades que poderiam receber os investimentos da Braskem – Laranjeiras, Maruim, Barra dos Coqueiros e Santo Amaro das Brotas – por estarem na região do Porto de Sergipe. “Estamos fazendo alteração do plano diretor das cidades e criando zonas industriais associadas ao porto”, disse o secretário, evitando estimar o potencial de investimento.
Além da Braskem, Sergipe fez convites semelhantes a outras grandes empresas, incluindo “uma grande cimenteira” que está discutindo com o Estado a instalação de uma fábrica há alguns meses.
“O Estado não é xiita, gosta de investimento. Estamos mostrando que é um bom lugar para se investir”, disse Carvalho. Questionado sobre o impacto para os planos do Estado das seguidas reduções nas perspectivas da economia brasileira neste ano, o secretário afirmou que “os investidores não botaram o pé no freio, apenas diminuíram a pressão no acelerador, mas ninguém cancelou nada até hoje”.
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