A Brasilprev, braço de previdência privada da BB Seguridade, prevê dobrar a base de seu plano para o público de baixa renda até o fim do ano para enfrentar a crescente concorrência no setor. Criado no fim do ano passado, o Brasilprev Fácil tem atualmente cerca de 65 mil clientes. A meta é chegar a 130 mil até dezembro, disse o presidente da Brasilprev, Walter Malieni. A contribuição mensal média para esses planos é de R$ 250. A ofensiva acontece em meio à tramitação da proposta de reforma da Previdência no país, o que pode multiplicar o mercado complementar aberto, hoje com ativos de cerca de R$ 870 bilhões. “Embora a economia do país ainda não esteja ajudando, há um grande e crescente público potencial que ainda não está sendo atendido”, diz Malieni.
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Desde sua criação há 26 anos, a Brasilprev tem se concentrado no público de mais alta renda, como funcionários públicos e demais clientes do Banco do Brasil e nos planos corporativos. Líder do mercado, com 2,1 milhões de clientes e ativos de cerca de R$ 270 bilhões, a companhia tem sido um dos principais alvos da concorrência em várias frentes. Uma delas é a das chamadas insurtechs, plataformas de serviços de seguros e de previdência.
Segundo a Associação Brasileira de Startups (ABStartups), o número de startups com ênfase nesse mercado no país passou de 70 para 210 nos últimos três anos. Quase sempre em parceria com grandes seguradoras, essas plataformas frequentemente oferecem produtos com perfil mais popular.
A própria BB Seguridade criou há dois anos sua corretora de seguros digital, a Ciclic, que também vende previdência. A própria Brasilprev acaba de criar um laboratório digital, iniciativa que deve aprofundar parcerias com fintechs.
O cenário de maior concorrência tem sido acirrado pelo crescente uso da portabilidade, a transferência do plano de previdência entre instituições financeiras, dado que o ambiente de juros mais baixos têm elevado o apelo por produtos que ofereçam rentabilidades maiores.
Segundo dados do mercado, o volume de recursos envolvidos em portabilidade nos planos de previdência complementar aberta em 2018 até novembro atingiu R$ 21,9 bilhões, volume 25% maior do que um ano antes.
Para Malieni, esse movimento reflete em parte o apelo para interesses de curto prazo, o que pode gerar problemas, dado que questões mais complexas do setor, como os mecanismos para manter a solidez dos ativos durante a vida dos planos, em geral são minimizadas. “Há essa exploração de uma cultura bastante imediatista”, diz o executivo, contando que a discussão sobre regras mais estritas sobre portabilidade está sendo discutido com a Superintendência de Seguros Privados (Susep), que regula o setor.
Internamente, porém, a Brasilprev vem ampliando a prateleira de fundos nos quais são aplicados os recursos dos planos, dando ênfase a produtos que ofereçam rentabilidades maiores. Segundo Malieni, o objetivo é dar opções para que atuais clientes que queiram buscar rentabilidades superiores façam isso sem terem que buscar a portabilidade. “Neste ano até maio, já fizemos um volume de realocação de ativos maior do que o que havíamos feito em todo o ano passado”, afirma o executivo.
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