A companhia aérea Azul, terceira maior do país em participação de mercado, recebeu 15 dos 41 slots adicionais no aeroporto paulistano de Congonhas que a Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) distribuiu ontem (31). Os horários de pouso e decolagem pertenciam anteriormente à Avianca Brasil, que teve voos suspensos em maio deste ano. O restante dos 41 slots foi distribuído entre as empresas de menor porte Map (12) e Passaredo (14), sendo que esta já tem acordos operacionais com Gol e Latam, informou a agência em comunicado à imprensa, sem explicar os critérios usados para a alocação dos horários.
Map e Passaredo, porém, precisarão comprovar junto às autoridades de aviação “o atendimento de requisitos operacionais exigidos para operação no aeroporto” até 9 de agosto, o que inclui capacidade dos aviões das duas (turboélices ATR) operarem em velocidades adequadas ao atual fluxo de voos de Congonhas. Azul e Map tinham feito pedido para ficarem com a totalidade dos slots cada uma. Já a Passaredo queria 30.
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A Two Flex não recebeu permissões de pouso e decolagens na pista principal do aeroporto. “Em razão das aeronaves operadas pela empresa (monomotor turbohélice), os 14 slots solicitados foram alocados na pista auxiliar de Congonhas e estão pendentes de confirmação pelo Centro de Gerenciamento de Navegação Aérea (CGNA)”, afirmou a Anac.
A distribuição dos slots da Avianca não altera situação de virtual duopólio de Gol e Latam em Congonhas, que abriga a lucrativa ponte aérea Rio-São Paulo. Segundo dados da Anac, as duas companhias aéreas possuem possuem 87,53% dos slots no aeroporto, num total de 470 horários diários. Antes da distribuição adicional da Anac, a Azul tinha 26 slots no aeroporto.
Na semana passada, a Azul havia defendido mudança no processo de distribuição dos slots para que a Anac evitasse uma situação de “subaproveitamento em um dos aeroportos mais movimentados do país, sem produzir aumento real da concorrência no terminal”. “Operar slots em Congonhas com aeronaves menores e, consequentemente, com poucos assentos, representa um uso ineficiente desses valiosos recursos públicos, impedindo a entrada efetiva de qualquer novo concorrente nas pontes aéreas Congonhas-Rio e Congonhas-Brasília”, afirmou a Azul na ocasião.
Nesta quarta-feira, a Azul afirmou que prefere esperar a conclusão definitiva do processo de distribuição para se posicionar e definir como vai usar os slots adicionais. Segundo a empresa, o volume recebido é insuficiente para permitir uma “adequada operação da ponte aérea”, que precisa de no mínimo 15 voos por dia.
Caso Map e Passaredo não consigam comprovar viabilidade de operações de seus aviões nos slots adicionais, a Anac vai redistribuir estes horários novamente. A Azul pode receber no máximo mais 13 slots por ser considerada no critério da Anac como “empresa entrante” no aeroporto. Em comunicado, a Map afirmou que já contratou a tripulação para iniciar a operação em Congonhas e que vai operar os horários com o ATR 72, com capacidade para 70 passageiros. Atualmente, a Map atende 14 cidades de Amazonas e Pará.
Segundo dados da associação de agências de viagens corporativas (Abracorp), a tarifa média cobrada dos passageiros no país no segundo trimestre subiu 32,7%, para 806 reais. Em junho, a Azul citou dados da entidade para afirmar que desde a suspensão das operações da Avianca Brasil, em maio, o preço das passagens na ponte aérea Rio-São Paulo subiu 64%. No final de junho, o Ministério Público Federal defendeu “mais simetria” sobre a concorrência no aeroporto.
As ações da Gol fecharam próximas da estabilidade nesta quarta-feira na B3, com oscilação negativa de 0,12%. Já as ações da Azul recuaram 2,3%. Os papéis da Latam, listados em Santiago, fecharam em baixa de 1,3%.
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