O dólar tornou a fechar em forte alta contra o real, para o maior nível em três meses, diante do fortalecimento global da divisa norte-americana em meio a mais dúvidas sobre novas quedas de juros nos Estados Unidos, movimento que poderia aumentar a oferta de moeda em países como o Brasil.
O dólar à vista teve alta de 1,60%, a R$ 4,0677 na venda, maior nível de fechamento desde 20 de maio (R$ 4,10485 na venda). Na máxima intradiária, a cotação foi aos R$ 4,0760.
A próxima resistência a ser rompida é R$ 4,1000, seguida pela máxima de maio (R$ 4,10485). Deixados para trás esses níveis, a moeda caminharia para picos registrados em setembro, quando a divisa chegou a flertar com R$ 4,20, em meio à forte volatilidade antes das eleições presidenciais no Brasil.
Os mercados de câmbio de emergentes não conseguiram captar o bom humor visto nesta segunda nos mercados de ações, com o índice S&P 500 em alta de 1,21%, na esteira de esperanças de estímulos em países como China e Alemanha.
Segundo analistas, as moedas foram mais afetadas pelos riscos associados à política monetária nos Estados Unidos, com chances de o Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA) cortar os juros menos que o esperado uma vez que a economia dos EUA segue em melhor forma do que outras.
“[Recentes] Dados robustos de consumo e inflação nos EUA enfraqueceram a possibilidade de que o Fed vai cortar os juros preventivamente, mantendo o tema sobre inversão das curvas de juros, saídas de recursos de emergentes e mercados de ações mais fracos”, disseram estrategistas do Morgan Stanley em nota a clientes.
O tom de dúvida sobre um Fed mais disposto a cortar os juros foi reforçado nesta tarde por comentários do presidente do Fed de Boston, Eric Rosengren, membro votante do Fomc.
Segundo Rosengren, não é porque outros países estão afrouxando suas políticas monetárias que os EUA também deveriam fazê-lo. Além disso, para ele, as condições monetárias já estão acomodatícias e a economia está em muito bom estado no momento.
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Os mercados haviam golpeado o dólar entre meados de maio e de julho, confiantes na expectativa de que o Fed cortaria os juros de forma agressiva. Recentemente, o Fed reduziu a taxa básica, mas emitiu sinal mais “hawkish” que o esperado.
Desde 18 de julho, quando bateu a mínima recente (R$ 3,7293), o dólar acumula valorização de 9,07%. O índice MSCI de moedas emergentes -que inclui uma série de divisas da Ásia, geralmente menos voláteis- recua cerca de 3,1% no período.
“Como de costume, o baixo apetite por ativos mais arriscados, como o real, continua a ser influenciado pela guerra comercial entre os Estados Unidos e a China e pelas crescentes preocupações com uma possível recessão global no horizonte”, disse Daniel Andrés Castaño, analista de mercado do IG, em Londres.
Real barato?
O real acumula depreciação de 6,16% em agosto, o que deixa a moeda brasileira com a terceira maior queda entre mais de 30 pares do dólar neste mês, a despeito da aprovação da reforma da Previdência pela Câmara dos Deputados.
Para o Morgan Stanley, o real já está entre as moedas mais baratas do universo emergente. Os profissionais destacam ainda que as posições continuam amplamente negativas em relação à moeda doméstica, o que ao mesmo tempo piora a relação risco/retorno de se montar novas posições contrárias ao real.
“Ainda assim, preferimos expressar nossa visão (otimista) para o real ao confrontá-lo com outras divisas emergentes”, acrescentaram em nota.
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