O dólar à vista fechou praticamente estável hoje (28), mas a moeda negociada no mercado futuro seguiu em alta, com o real entre as divisas de pior desempenho no dia, evidência de que o mercado segue atento ao movimento do câmbio e à estratégia do Banco Central para conter possíveis distorções.
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O dólar futuro de maior liquidez subia 0,67%, a R$ 4,1550, por volta de 17h15. Esse contrato é negociado na B3 e tem operações encerradas às 18h (de Brasília).
Já o dólar à vista – negociado entre bancos e cujas operações finalizam às 17h – teve variação negativa de 0,01%, a R$ 4,1575 na venda. Ainda que a queda tenha sido marginal, para efeito estatístico pôs fim a uma série de quatro altas, nas quais a cotação saltou 3,14%.
O sinal invertido nos diferentes mercados reflete um ajuste, já que, na véspera, o dólar futuro perdeu força enquanto o segmento à vista já estava fechado.
O dia foi marcado por mais intervenções do Banco Central, que colocou apenas US$ 25 milhões em venda de moeda à vista, dos US$ 550 milhões ofertados. Para evitar enxugamento de liquidez, o BC realizou posteriormente venda da diferença (US$ 525 milhões) na forma de swaps cambiais tradicionais, visando rolagem do vencimento outubro.
O BC ainda rolou todo o lote de US$ 1,5 bilhão em linhas de dólares com compromisso de recompra disponibilizado nesta sessão. A oferta, contudo, foi menor que o volume total a expirar no começo de setembro, cerca de US$ 3,8 bilhões.
Apesar da alta do dólar futuro e da ausência de queda mais forte no segmento à vista, alguns indicadores sugeriram um dia menos conturbado no mercado. As taxas de cupom cambial caíram, enquanto a volatilidade implícita cedeu cerca de 110 pontos-base entre a máxima de segunda-feira (26) e a mínima desta quarta.
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Mais cedo, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, evitou comentar sobre câmbio ao ser questionado por jornalistas.
Na véspera, a fala de Campos Neto de que a desvalorização do real estava dentro do padrão normal fez o dólar acelerar a alta e se aproximar de R$ 4,20, movimento que precipitou a atuação do BC via venda “pura” de dólar à vista – o que não ocorria desde 2009.
“Achamos que a venda de dólar vai ajudar a desacelerar o ritmo de depreciação do real à medida que a moeda se aproxima de R$ 4,20, mas não será capaz de impedir que isso aconteça caso o ambiente externo continue desfavorável”, disseram analistas do Citi em nota.
Para o Citi, o real pode ter desempenho melhor que pares latino-americanos, como peso colombiano e peso chileno, mas essa performance superior só seria sustentada caso o BC continue a intervir no mercado.
A desvalorização do real tem sido mais acentuada, segundo analistas, pelo fato de a moeda não contar mais com o “escudo” dos juros altos. Esse é um dos motivos pelos quais o UBS elevou para R$ 4,00 a estimativa para o dólar ao fim deste ano, 20 centavos de real acima da projeção anterior.
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