Agora privatizada, a BR Distribuidora, maior companhia de distribuição de combustíveis do Brasil, quer se tornar também a mais rentável do setor e não tem planos de comprar refinarias da ex-controladora Petrobras, disse o diretor-presidente da empresa Rafael Grisolia hoje (1).
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“Sobre alocação de capital, algo que está muito claro, é muito importante entender que a vocação da BR é distribuição, não tem conhecimento para entrar em refino. Isso (refino) não é nosso expertise, não é nossa aspiração”, afirmou o CEO da empresa ao ser questionado em teleconferência com analistas se a distribuidora poderia avaliar ativos de refino de sua ex-controladora.
Em maio, após assumir o posto, Grisolia afirmou que a BR tinha o dever de “olhar” o processo de venda de refinarias pela Petrobras “sob diversos ângulos”. A estatal aprovou neste ano estudos para a venda de oito refinarias que somam capacidade de processamento de cerca de 1,1 milhão de barris/dia de petróleo.
“A partir do portão da refinaria para frente, todo o negócio é nosso, toda a parte depois é nossa função… quem tem tancagem são os distribuidores, fazemos gestão de estoques, logística a entrega…”, acrescentou ele, ressaltando que o foco da companhia será “depois do portão da refinaria”.
Os executivos também foram questionados por analistas sobre uma queda na margem bruta no segundo trimestre, para 5,4% da receita líquida, ante 7,1% no primeiro trimestre e 5,6% no mesmo período do ano passado.
Segundo o diretor financeiro André Natal, houve um agravamento da perda de participação de mercado no início do ano, e para tentar retomar “market share” a companhia reduziu suas margens, o que já não acontece mais.
Perguntado sobre perspectivas de margens, ele disse que não poderia dar guidance sobre o assunto, mas citou a média do semestre, de 6,2%, ante 6,1% no mesmo período do ano passado, como uma “melhor referência”.
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A BR lidera um mercado altamente concentrado, mas que vem recebendo novos players de peso, como multinacionais Glencore e Vitol, que têm feito aquisições no setor. A companhia tem como principais concorrentes a Raízen, joint venture da Shell com a Cosan, e a Ipiranga, do grupo Ultrapar. A Vitol, a propósito, anunciou na véspera a compra de 50% do grupo brasileiro GDE, importante distribuidora no país.
Apesar da queda na margem, a companhia reportou aumento de quase 15% no seu lucro líquido do segundo trimestre, para R$ 302 milhões.
SEM BRINCADEIRA
Após ter sido questionado reiteradamente por analistas sobre margens versus participação de mercado, o presidente da BR afirmou que “realmente queremos a melhor rentabilidade e o maior ‘market share'”.
“Não é brincadeira, não, temos que buscar o máximo”, acrescentou ele, citando um plano de dez iniciativas mais abrangentes da companhia para ser mais rentável, que envolve “um eficiente sistema de pricing (precificação), sourcing (“originação” de produtos), otimização logística, gestão de despesas, desenvolvimento e gestão de pessoas, marketing e relacionamento, gestão de ativos, conveniência, lubrificantes e serviços financeiros e de fidelidade”.
“Por isso as iniciativas estão conjuntas, em rede de postos, a proposta de valor da BR é a melhor, temos uma marca forte, temos capacidade logística de ter o melhor ‘sourcing’, capacidade de importação…”, declarou.
Ele ressaltou que, com a privatização, que ocorreu em julho, a companhia pode acelerar iniciativas para aumentar a rentabilidade.
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“Mesmo sendo a maior distribuidora do Brasil, não sou a mais rentável”, observou.
Executivos afirmaram que a empresa privatizada terá ainda mais agilidade no processo de suas contratações, uma vez que não precisará mais seguir a Lei das Estatais.
“A companhia já trabalha seguindo as melhores práticas de mercado, isso liga com a gestão de despesas, revisão de contratos que estão assinados, estamos fazendo novas negociações”, afirmou, adicionando que os programas de marketing e imagem dos postos estão sendo revisitados.
O diretor financeiro, por sua vez, destacou que agora a companhia consegue melhores contratos, porque não precisa mais realizar acertos com prazos longos, já que tem mais agilidade de contratações sendo privatizada.
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