Líderes dos países do G7 ofereceram US$ 20 milhões de assistência emergencial para ajudar no combate aos incêndios na Floresta Amazônica, em um gesto que o Brasil classificou como colonialista. Apesar dos incêndios recordes na Amazônia e de o presidente Jair Bolsonaro ter dito anteriormente que seu governo não tem dinheiro suficiente para combater as chamas, não ficou claro se o Brasil aceitará a oferta do G7, realizada em meio a crescentes preocupações internacionais. A relação pessoal entre Bolsonaro e o presidente francês, Emmanuel Macron, já abalada pela crise ambiental, se deteriorou ainda mais após o líder brasileiro fazer chacota da esposa de Macron em um comentário em rede social. Enfrentando um crescente isolamento internacional por suas posições sobre a crise ambiental, Bolsonaro também se viu sob pressão interna, com a pesquisa CNT/MDA mostrando ontem (25) que o índice de aprovação de seu governo caiu para 29,4% em agosto.
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“Ofereceremos imediatamente aos países amazônicos que nos sinalizam suas necessidades um apoio financeiro”, disse Macron em Biarritz, no litoral francês, onde ocorreu a cúpula do G7.
Minutos após o anúncio do G7, entretanto, Bolsonaro disse que o Brasil está sendo tratado “como se fôssemos uma colônia ou uma terra de ninguém”, classificando a criação de uma aliança internacional para salvar a Amazônia como um ataque à soberania de seu país. Por outro lado, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, afirmou que a ajuda é “bem-vinda”. A ministra da Agricultura, Tereza Cristina, adotou tom semelhante, ponderando que o Brasil deve decidir em quais iniciativas aplicar os recursos.
Chamando os incêndios na Amazônia de emergência global, Macron colocou o desastre no topo da agenda do G7 e afirmou que os Estados-membros devem providenciar ajudas concretas. “A França o fará com apoio militar nas próximas horas”, afirmou, sem dar maiores detalhes.
O Canadá declarou que enviará aviões ao Brasil para ajudar a conter as chamas, além de contribuir com 15 milhões de dólares canadenses (11,3 milhões de dólares) em auxílio. “Uma das coisas que vimos nos últimos anos, com o Canadá enfrentando eventos de incêndios florestais cada vez mais extremos, é que existe uma rede global de apoio e amigos que dependem um do outro”, disse o primeiro-ministro do país, Justin Trudeau, ao final da cúpula.
O presidente chileno, Sebastián Piñera, que foi convidado para se unir aos líderes das sete nações industrializadas em Biarritz, disse que o plano do G7 será implantado em duas fases. “Os países precisam urgentemente de bombeiros e aviões especializados no combate a incêndios. Este será o primeiro passo, que será implementado imediatamente”, disse Piñera. “A segunda fase é proteger estas florestas, proteger a biodiversidade que contêm e reflorestar esta região do mundo”, acrescentou.
Macron acrescentou que o G7 — composto por Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido– elaborará uma iniciativa para a Amazônia que será lançada na Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas, em Nova York, no mês que vem.
O presidente dos EUA, Donald Trump, se ausentou das conversas sobre mudança climática e biodiversidade em uma sessão do G7 nesta segunda-feira, e Macron disse que ele estava ocupado com reuniões bilaterais. “Ele não estava na sala, mas sua equipe estava”, disse o francês. “Você não precisa interpretar nada da ausência do presidente norte-americano… Os EUA estão conosco na biodiversidade e na iniciativa para com a Amazônia.”
No entanto, na conferência de imprensa no encerramento da cúpula, Trump deixou claro que não está disposto a abraçar a causa ambientalista. “Nós somos agora o produtor de energia número 1 do mundo”, afirmou Trump, respondendo a uma questão sobre mudanças climáticas. “Não vou perder essa riqueza, não vou perder isso com sonhos, com moinhos, que francamente não estão trabalhando muito bem”, acrescentou.
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