A TecBan está construindo um sistema com os bancos digitais para facilitar o acesso à rede de caixas eletrônicos Banco24Horas, o que deve permitir redução dos custos de operações como saques.
Segundo Tiago Aguiar, responsável pela área de novas plataformas da TecBan, o arranjo permitirá que fintechs, bancos sociais e instituições de pagamento criem ‘hubs’, uma espécie de plugue para conexão direta à rede que pode oferecer os serviços para várias entidades simultaneamente, diluindo os custos.
Hoje as instituições controladoras da TecBan — Itaú Unibanco, Bradesco, Banco do Brasil, Santander Brasil, e Caixa Econômica Federal -e cerca de 40 outras instituições têm conexão direta com o Banco24Horas.
As demais instituições acessam a rede por meio da Cirrus, braço da bandeira de cartões Mastercard e pagam por uma transação de saque um valor unitário de até R$ 6,50 , valor até 80% maior do que o pago pelos grandes bancos, segundo especialistas do setor.
Cada fintech usa uma política em relação a essa tarifa. O Banco Inter e o Banco Original, por exemplo, isentam os clientes. O Nubank repassa o custo.
Além disso, cada instituição deve manter individualmente com a Rede24Horas uma quantidade de dinheiro equivalente aos montantes de saques, uma espécie de lastro, o que envolve altos custos de logística.
“Com o hub digital, vai haver maior facilidade de interconexão e o custo de transação vai diminuir sensivelmente”, disse Aguiar à Reuters.
Segundo o executivo, dentre as instituições que devem fazer parte desse modelo estão os bancos digitais C6 Bank, Nubank, Banco Inter, Agibank e Banco Original.
O sistema deve entrar em vigor até o final de 2019 em toda a rede de 23 mil caixas eletrônicos distribuídos pelo país.
Segundo Aguiar, a nova solução permitirá que diferentes entidades conectadas a TecBan atuem como intermediários para ligar outras fintechs e instituições de pagamentos ao Banco24Horas.
BARREIRA DE ENTRADA
Há anos, fintechs e bancos de menor porte têm reclamado ao Banco Central que o alto custo de uso do Banco24Horas é uma das principais barreiras de acesso à estrutura do sistema financeiro. A Associação Brasileira de Bancos (ABBC) criou um grupo de trabalho para discutir o assunto com o regulador.
Mesmo com o crescente uso dos canais digitais para pagamentos e transferências de recursos, o volume de transações com dinheiro em espécie ainda é grande.
No Brasil, 9 em cada 10 pagamentos no valor de até R$ 10 são feitas com dinheiro, segundo dados do Banco Central referentes a 2018. O uso de outros recursos, como cartões, cheques e transferências cresce para operações de valores maiores, mas mesmo nas transações até R$ 100 mais da metade das transações são pagas em papel moeda. Além disso, 29% das pessoas ainda recebiam o salário em espécie.
Como não dispõem de rede física própria, as fintechs reclamam que as altas taxas cobradas para uso do Banco24Horas inviabilizam a conquista de clientes de menor renda ou que vivem fora dos grandes centros urbanos, que são mais abastecidos de redes bancárias físicas.
Para tentar otimizar o uso da estrutura do Banco24Horas, a TecBan também vem desenvolvendo produtos alinhados com inovações tecnológicas, como o saque digital, que permite fazer saques nos terminais apenas com o QR do telefone celular.
Com ela, até o final do ano qualquer pessoa poderá enviar dinheiro para outra de forma instantânea, mesmo que o destinatário não seja bancarizado.
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