O dólar fechou em leve alta contra o real hoje (14), mas suficiente para levar a cotação ao segundo maior valor da história para um encerramento de sessão no mercado à vista, num dia de enfraquecido apetite por risco no exterior em meio a preocupações com a saúde da economia global.
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Na máxima, a cotação no mercado spot foi a R$ 4,2000 na venda (+0,31%), superando o valor máximo para um fechamento, marcado em 3 de setembro de 2018 (R$ 4,1957 na venda), para depois desacelerar os ganhos.
Mais cedo na sessão, o dólar chegou a cair, marcando uma mínima de R$ 4,1640 na venda (-0,55%). Ao fim do pregão, o dólar à vista teve leve alta de 0,16%, a R$ 4,1934 na venda. Apenas a taxa de encerramento do dia 13 de setembro de 2018 (R$ 4,1957 na venda) é mais alta.
Na B3, em que os negócios vão até as 18h15, o dólar futuro tinha valorização de 0,38%, a R$ 4,1905, após alcançar R$ 4,2030 na máxima intradiária.
Segundo analistas, o movimento do câmbio no dia foi orientado sobretudo pelo exterior, que sofreu com aversão a risco diante de dados fracos na China, no Japão e na Alemanha, em meio a uma contínua incerteza sobre o status das negociações comerciais entre EUA e China.
A fragilidade nos mercados latino-americanos também pesou. A moeda do Chile voltou a atingir mínimas recordes, mesmo depois de o banco central local ter anunciado ofertas de liquidez.
“O real é uma das moedas mais líquidas da região, e isso acaba jogando contra nós num momento de maior instabilidade regional”, disse Matheus Gallina, operador de multimercados da gestora Quantitas.
O raciocínio é que fundos, gestores e operadores vão buscar ajustar posições em ativos com maior saída – na América Latina, caso do real e do peso mexicano.
Desde a frustração com o leilão da cessão onerosa (6 de novembro), o dólar acumula um salto de 5,01% ante o real (desvalorização de 4,77% para a moeda brasileira). O aumento da incerteza política doméstica depois da soltura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva também tem influenciado as cotações.
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Mas Gallina, da Quantitas, lembra que o dólar tem subido sem grandes solavancos, o que diferencia o momento atual do fim de agosto, quando o Banco Central precisou reforçar atuações no câmbio via dólar à vista como resposta à disparada da moeda para perto de R$ 4,20.
“O BC vai evitar a todo custo ter um patamar como alvo de atuação. Não há movimento disruptivo no câmbio neste momento”, disse o operador.
O Itaú Unibanco destaca que o fluxo cambial negativo neste ano combinado com a queda dos juros a mínimas recordes tem pressionado o real, mas indica que a volta do crescimento “pode compensar” esses fatores, conforme a divisa muda o perfil de um ativo de “carry” para crescimento.
Nesse sentido, o IBC-Br de setembro – trouxe números positivos – ajudou a limitar a alta do dólar nesta quinta.
Apesar da desvalorização do real desde o leilão da cessão onerosa, o J.P. Morgan não acredita em início de uma tendência “sustentável de liquidação”.
O banco diz estar com recomendação “acima da média” para o real em seu portfólio e cita, entre as razões, entendimento de que o câmbio está “fundamentalmente” deslocado de seu valor justo, a percepção de que o mercado reagiu “em excesso” ao noticiário sobre Lula e uma visão mais positiva para as moedas emergentes.
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