O Facebook começou em 2012 a cortar o acesso de desenvolvedores de aplicativos a dados de usuários para combater potenciais rivais, apresentando a mudança ao público em geral como um benefício para a privacidade do usuário, segundo documentos judiciais revisados pela Reuters.
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Alguns executivos aparecem em e-mails internos da empresa chamando a estratégia de “Switcharoo Plan”.
O surgimento dos e-mails, que reúnem quase 7 mil páginas e incluem documentos de executivos da empresa, ocorre em um momento em que o Facebook enfrenta várias investigações sobre possíveis violações de leis de defesa da concorrência por órgãos reguladores de todo o mundo.
Os e-mails podem fornecer evidências valiosas aos investigadores, incluindo um painel da Câmara dos Deputados dos Estados Unidos que buscou registros da empresa em setembro sobre as decisões de barrar aplicativos de dados sociais que mapeiam as relações entre os usuários.
Os documentos vêm de um processo movido em 2015 pela Six4Three, desenvolvedora de um extinto aplicativo de fotos que perdeu o acesso aos dados de usuários do Facebook como resultado das alterações anunciadas em 2014 e implementadas no ano seguinte.
O Six4Three alega que as políticas de dados do Facebook eram anticompetitivas e que a empresa deturpou essas políticas tanto para desenvolvedores quanto para o público.
O Facebook descreveu o caso como infundado. Uma porta-voz da empresa disse à Reuters que os documentos foram “retirados do contexto por alguém com uma agenda contra o Facebook” e tornados públicos “com total desrespeito às leis norte-americanas”.
Partes do material foram liberadas ao longo do ano passado e forneceram uma imagem incompleta do período entre 2012 e 2014, quando as mudanças nas políticas foram debatidas na empresa.
Os novos documentos contêm conversas entre executivos que discutem o acesso aos dados dos usuários por desenvolvedores vistos como possíveis concorrentes em um momento em que a empresa disse publicamente que fornecia uma plataforma aberta e neutra.
Um executivo, escrevendo em 2013, descreveu a divisão de aplicativos em “três grupos: concorrentes existentes, possíveis futuros concorrentes ou desenvolvedores com os quais temos alinhamento nos modelos de negócios” como parte do projeto para restringir o acesso aos dados dos usuários, apelidado de ‘PS12N’.
Aqueles na última categoria conseguiram recuperar o acesso ao aceitarem compras de anúncios ou fornecerem dados de usuários ao Facebook em “contratos de API privados estendidos”, segundo os e-mails.
Como milhares de desenvolvedores perderam o acesso aos dados de usuários do Facebook, os executivos decidiram anunciar as mudanças publicamente. Eles preferiram vincular o que eles chamavam de “‘coisas ruins’ do PS12N” a uma atualização não relacionada do sistema de login do Facebook, que dava às pessoas maior controle sobre sua privacidade.
Quando o Facebook aprovou as mudanças em 2015, executivos disseram a jornalistas que a empresa havia conduzido pesquisas sobre o sentimento do usuário sobre os aplicativos do Facebook e decidido políticas que ajudariam a criar confiança na privacidade dos dados, segundo a publicação de tecnologia “TechCrunch”.
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