A Caixa Econômica Federal vai ampliar linhas de negócio ligadas ao financiamento imobiliário em 2020, valendo-se de posição de liderança no setor para ampliar receitas num mercado que vem se recuperando rapidamente no país.
Enquanto prevê crescimento de 30% das concessões de crédito para compra de residências neste ano, a Caixa também planeja acelerar o home equity, empréstimos em que o tomador oferece imóvel como garantia em troca de taxas de juros menores.
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“Isso pode nos ajudar a ampliar o relacionamento com muitos dos nossos clientes”, disse o presidente-executivo da Caixa, Pedro Guimarães.
Com uma carteira de cerca de R$ 480 bilhões no final de 2019, a Caixa lidera com folga o crédito imobiliário no país, com cerca de 60% do setor. Mas embora também seja a maior no segmento de home equity, seus ativos no setor somam cerca de R$ 6 bilhões, número considerado tímido por especialistas.
Além disso, a Caixa está começando financiamento para interessados em comprar cerca de 70 mil imóveis retomados pelo banco por conta de inadimplência, ativos avaliados em cerca de R$ 5 bilhões. Há cerca de dois anos, o banco tentou vender parte dessa carteira em grandes lotes a investidores, mas o leilão fracassou.
“Achamos que podemos ganhar mais financiando a compra deles”, disse ele.
Desde que assumiu o comando da Caixa no começo do ano passado, Guimarães, um veterano do mercado financeiro, tem defendido o maior uso de instrumentos de mercado como forma de ampliar o volume de recursos para empréstimo imobiliário.
No segundo semestre de 2019, a Caixa lançou uma linha no setor atrelada ao IPCA, principal índice de inflação do país. Segundo Guimarães, o banco já emprestou R$ 5 bilhões por esta linha e aprovou outros R$ 11 bilhões.
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Em março, o banco vai lançar uma linha imobiliária prefixada. O plano de Guimarães é de que metade do que for originado nestas duas linhas seja securitizado e vendido a investidores.
VENDAS DE ATIVOS
Enquanto amplia a prateleira no setor imobiliário, a Caixa avança nos planos de se desfazer de ativos não prioritários, como forma de reduzir exigências de capital e ganhar eficiência.
Além dos valores que deve arrecadar com a listagem de seus braços de seguros – Caixa Seguridade – e de cartões -Caixa Cartões -, ambos neste ano, o banco estatal também deve avançar com a venda de participações em negócios e imóveis próprios.
Numa mão, a instituição agrupará ativos imobiliários próprios, incluindo de agências bancárias e prédios de escritórios, em dois fundos de R$ 1,5 bilhão cada.
Em outra, manterá o ciclo de vendas de participações diretas, indiretas ou que administra. No ano passado, segundo Guimarães, a Caixa vendeu o equivalente a R$ 15 bilhões em ações, incluindo de Banco do Brasil, IRB Brasil e Petrobras. A instituição pretende ainda se desfazer da fatia de 36% do capital do Banco Pan.
A maioria dos recursos oriundos da venda de ativos, incluindo os que devem ser levantados com a venda de fatias nos IPOs de Caixa Seguridade e Caixa Cartões, tendem a ser usados para devolver ao governo federal empréstimos obtidos na última década recebidos por meio de instrumentos híbridos de capital e dívida (IHCD).
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No ano passado, a Caixa devolveu cerca de R$ 11 bilhões. Para 2020, o banco tem plano de devolver cerca de outros R$ 8 bilhões, atingindo quase metade dos cerca de R$ 40 bilhões tomados.
O executivo defendeu ainda a venda de participações detidas pelo FI-FGTS e que são administradas pelo banco, incluindo na empresa de energia Alupar, na companhia de saneamento BRK Ambiental, controlada pela Brookfield, e na VLI Logística.
A proposta de venda da fatia na Alupar foi vetada duas vezes por maioria mínima do conselho do FI-FGTS no ano passado. Segundo Guimarães, se mais um ou dois conselheiros forem convencidos a proposta poderá ser aprovada.
“Vou apresentar a proposta de venda de novo”, disse Guimarães. “O negócio não exige mais capital e já nos rendeu mais de 200% de retorno.”
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