O estoque total de crédito no Brasil acelerou em 2019 com crescimento de 6,5%, a R$ 3,471 trilhões, em alta real pelo segundo ano consecutivo e numa expansão guiada pelo crédito livre, divulgou o Banco Central hoje (29).
O dado veio um pouco abaixo da previsão mais recente do BC, de aumento de 6,9% no saldo geral de financiamentos, mas terminou acima da inflação medida pelo IPCA de 4,31% em 2019.
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Em 2018, o crescimento do estoque geral havia sido de 5%.
O desempenho do ano foi puxado pelo crédito livre, que é concedido pelos bancos sem nenhum tipo de regulação nos juros pelo governo. A expansão nessa modalidade foi de 14,1%, ao passo que o crédito direcionado caiu 2,4% em 2019.
Desde que assumiu, o ministro da Economia, Paulo Guedes, tem falado em desestatizar o mercado de crédito, aumentando a participação do crédito livre sobre o direcionado. A forte diminuição de créditos concedidos pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDES), de 13,9% no ano, é um dos vetores dessa orientação.
Ao melhorar suas contas para o Produto Interno Bruto (PIB) a uma alta de 2,4% em 2020, a equipe econômica também avaliou que a expansão do crédito livre será “combustível” para o crescimento da atividade econômica.
Na divisão entre pessoas físicas e jurídicas, foram as famílias que puxaram a elevação do crédito em 2019, com crescimento de 11,7% no estoque de financiamentos. Entre as empresas, essa alta foi de apenas 0,2%, mostraram os dados do BC.
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Para 2020, o BC previu em dezembro uma alta de 8,1% no estoque de crédito, novamente impulsionada pelo apetite das famílias.
Olhando apenas para o segmento de recursos livres, a inadimplência caiu 0,1 ponto em 2019, a 3,7%, menor nível da série histórica iniciada pelo BC em março de 2011.
Os juros médios no mesmo segmento caíram 1,6 ponto em 2019, a 34% ao ano em dezembro. A retração foi menor que a sofrida pela taxa básica de juros, que recuou 2 pontos no ano passado, à mínima histórica de 4,5%.
Há ampla expectativa de que a Selic seja novamente reduzida pelo BC na próxima semana, em meio a avaliações recentes do presidente da autoridade monetária, Roberto Campos Neto, sobre o comportamento favorável da inflação.
O spread, que mede a diferença entre a taxa de captação dos bancos e a cobrada a seus clientes, subiu 0,7 ponto no acumulado de 2019 no segmento de recursos livres, a 28,5 pontos percentuais em dezembro.
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Dentre as modalidades de crédito mais caras para as pessoas físicas, o rotativo do cartão de crédito ficou na dianteira, com alta de 33,5 pontos no ano, a uma taxa média de 318,9% ao ano em dezembro.
O custo do cheque especial caiu em 2019, embora tenha seguido bastante elevado. De acordo com os dados do BC, o recuo foi de 10,1 pontos, ao patamar de 302,5% ao ano. No fim do ano passado, o BC divulgou um teto para os juros cobrados pelo cheque especial, mas as regras só entraram em vigor em janeiro deste ano.
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