Os Estados Unidos e a China anunciaram hoje (15) um acordo comercial inicial que irá reduzir algumas tarifas e aumentar as compras chinesas de bens e serviços dos EUA, aliviando um conflito de 18 meses entre as duas maiores economias do mundo.
Pequim e Washington classificaram a “Fase 1” do acordo como um passo importante depois de meses de negociações pontuadas por retaliações em tarifas que atingiram as cadeias de suprimentos e alimentaram temores de uma desaceleração maior na economia global.
“Juntos, estamos corrigindo os erros do passado e entregando um futuro de justiça e segurança econômicas para trabalhadores, agricultores e famílias norte-americanos”, disse o presidente dos EUA, Donald Trump, ao anunciar o acordo na Casa Branca ao lado do vice-premiê chinês, Liu He, e outras autoridades.
A peça central do acordo é uma promessa da China de comprar pelo menos mais US$ 200 bilhões em produtos agrícolas e outros bens e serviços dos EUA ao longo de dois anos, sobre uma base de US$ 186 bilhões de compras em 2017.
O acordo incluirá US$ 50 bilhões em pedidos adicionais de produtos agrícolas dos EUA, afirmou Trump, acrescentando estar confiante de que os agricultores norte-americanos seriam capazes de atender à demanda maior.
Ele também disse que a China comprará de US$ 40 bilhões a US$ 50 bilhões em serviços adicionais dos EUA, US$ 75 bilhões a mais em produtos manufaturados e US$ 50 bilhões a mais em suprimentos de energia.
Autoridades de ambos os países anunciaram o acordo como uma nova era para as relações sino-americanas, mas ele não aborda muitas das diferenças estruturais que levaram o governo Trump a iniciar a guerra comercial.
Entre as diferenças está a prática de longa data de Pequim de apoiar empresas estatais e inundar os mercados internacionais com produtos de baixo preço.
Trump, que adotou uma política “Estados Unidos Primeiro” visando reequilibrar o comércio global em favor de empresas e trabalhadores dos EUA, disse que a China prometeu ações para enfrentar o problema de produtos pirateados ou falsificados e que o acordo incluía forte proteção aos direitos de propriedade intelectual.
Mais cedo, o principal assessor econômico da Casa Branca, Larry Kudlow, disse à “Fox News” que o acordo adicionaria 0,5% ao crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) dos EUA em 2020 e 2021.
Mas alguns analistas expressaram ceticismo de que o acordo colocará o comércio entre EUA e China em uma nova trajetória.
“Acho improvável uma mudança radical nos gastos chineses. Tenho baixas expectativas sobre o cumprimento das metas estabelecidas”, disse Jim Paulsen, estrategista-chefe de investimentos do Leuthold Group em Mineápolis. “Mas acredito que toda a negociação foi um avanço tanto para os EUA quanto para a China.”
A “Fase 1” do acordo, alcançada em dezembro, cancelou as tarifas planejadas dos EUA sobre celulares, brinquedos e laptops fabricados na China e reduziu pela metade, para 7,5%, a tarifa sobre cerca de US$ 120 bilhões em outros produtos chineses, incluindo televisores, fones de ouvido bluetooth e calçados.
Mas manterá tarifas de 25% em uma gama de US$ 250 bilhões em bens e componentes industriais chineses usados pelos fabricantes dos EUA.
Trump, que tem tratado a “Fase 1” do acordo como um pilar de sua campanha de reeleição em 2020, disse que concordaria em remover as tarifas remanescentes assim que os dois lados negociarem uma “Fase 2”. Ele acrescentou que essas negociações começarão em breve.
Ele também disse que visitará a China em um futuro não muito distante.
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