O Itaú Unibanco e o Banco Indusval decidiram entrar na área de comercialização de energia elétrica, um mercado que tem crescido em ritmo acelerado no Brasil, em meio a bons resultados das empresas que operam com “trading” de eletricidade ao longo dos últimos anos.
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O maior banco privado da América Latina anunciou hoje (13) a criação de uma diretoria de comercialização de energia em sua unidade de investimento Itaú BBA, enquanto o Indusval teve aval do órgão antitruste brasileiro para comprar uma comercializadora do Grupo Matrix, da DXT Commodities.
Com o movimento, as instituições financeiras somam-se ao banco BTG Pactual, que opera no mercado elétrico desde 2010, quando comprou a Coomex, e ao Santander Brasil, que abriu uma unidade de comercialização no final de 2018.
A aposta dos bancos no setor acontece em meio a planos do governo brasileiro de levar adiante uma reforma regulatória que ampliaria o mercado livre de eletricidade, segmento em que grandes consumidores, como indústrias e centros comerciais, podem negociar o suprimento diretamente junto a geradores ou comercializadoras.
O número de comercializadoras de energia em operação no Brasil saltou 19% entre janeiro e outubro do ano passado, para 324 empresas, segundo dados mais recentes da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE).
“De uma forma geral, é uma tendência global você ter o setor financeiro entrando na comercialização de energia”, disse à Reuters o presidente-executivo da consultoria Pontoon-e, Marcos Severine.
Ex-chefe de análise de companhias de serviços públicos do JP Morgan e do Itaú BBA na América Latina, Severine afirmou que o movimento de empresas financeiras rumo ao mercado elétrico no Brasil já vinha acontecendo, mas ganhou um recente impulso extra com a queda das taxas de juros no país a mínimas históricas.
“Você tinha uma massa de recursos aplicada em títulos públicos que agora está buscando investimentos mais atraentes. E você tem investidores aceitando riscos mais elevados em busca de um retorno maior… É uma tendência de médio e longo prazos não só dos bancos, mas também de assets (gestoras de recursos) e fundos entrando e operando no mercado de energia.”
Operam atualmente no mercado livre de eletricidade 5,9 mil empresas de menor demanda, os chamados consumidores especiais, além de 919 consumidores livres, com carga maior, segundo a CCEE.
Esse universo de clientes responde por cerca de 30% da demanda por energia do Brasil e inclui grandes empresas como BRF, JBS, Sabesp, Ambev, CSN e Bunge, entre outras, que buscam reduzir custos com eletricidade em relação às tarifas cobradas pelas distribuidoras no mercado regulado.
O Ministério de Minas e Energia ainda determinou em dezembro que a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e a CCEE devem apresentar, até 2022, estudos sobre a abertura do mercado livre a todos consumidores, incluindo residenciais.
ITAÚ E INDUSVAL
O negócio de comercialização de energia do Itaú será vinculado à diretoria executiva de tesouraria e mercados globais, liderada por Christian Egan, segundo comunicado do banco nesta segunda-feira.
A diretoria de comercialização ficará a cargo de Oderval Duarte, que chefiou por anos a área de compra e venda de energia do BTG Pactual.
“O objetivo da nova área é atender demandas de clientes no mercado de energia por meio da oferta de novos produtos e também contribuir ativamente para o desenvolvimento e sofisticação desse mercado no Brasil”, afirmou o Itaú em nota.
Já o Indusval recebeu autorização sem restrições do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) para a compra da Crípton Comercializadora de Energia junto ao Grupo Matrix, segundo despacho do órgão estatal no “Diário Oficial da União” desta segunda-feira.
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A transação “faz parte da estratégia do Banco Indusval de expandir seus negócios no Brasil, passando a atuar no setor de comercialização de energia elétrica”, de acordo com parecer do Cade. Procurado, o Indusval não comentou de imediato o aval do órgão antitruste para o negócio com o Grupo Matrix.
A Crípton ainda não possui operações no mercado elétrico, mas o negócio não é incomum – com o aquecimento no setor de comercialização, alguns empresários do ramo têm apostado na criação de companhias “de prateleira” para posterior venda a terceiros interessados, segundo especialistas.
Esse apetite pelo mercado de energia também tem atraído empresas de outros setores, como a Cosan, que em dezembro acertou a compra da comercializadora Compass por R$ 95 milhões.
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