A Petrobras teve lucro líquido recorde de R$ 40,14 bilhões em 2019, alta de 55,7% ante 2018, principalmente devido ao amplo programa de venda de ativos, apesar de a companhia ter realizado baixas contábeis bilionárias no período.
Em relatório de resultado ontem (19), a companhia citou desinvestimentos de US$ 16,3 bilhões em 2019, com transações envolvendo a Transportadora Associada de Gás (TAG), BR Distribuidora, entre outros ativos de exploração e produção.
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O resultado poderia ter sido ainda mais forte não fossem as baixas contábeis de R$ 11,63 bilhões em 2019, uma alta de 51% em relação ao ano anterior, segundo a companhia. Do total, mais de R$ 9 bilhões em impairment ocorreram no quarto trimestre.
A companhia ainda citou maiores despesas financeiras com gerenciamento da dívida no mercado de capitais e menores preços do petróleo Brent.
Em carta aos acionistas, o presidente da Petrobras relatou “satisfação” ao apresentar o resultado e frisou que o lucro recorde no ano passado ocorreu mesmo diante de uma queda dos preços médios do petróleo de US$ 71 por barril em 2018 para US$ 64 em 2019.
“Pagamos aos governos em royalties, impostos e bônus de assinatura o valor total de R$ 246 bilhões, também recorde histórico, e que consolida a posição da companhia como maior contribuinte do Brasil”, disse Roberto Castello Branco.
A produção da empresa superou a marca de 3 milhões de barris de óleo equivalente por dia, depois de anos de estagnação, declarou.
Castello Branco pontuou que o custo médio de extração na base caixa atingiu US$ 6,5 por barril no quarto trimestre de 2019, uma queda de US$ 3 em relação ao início de 2018.
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“As operações no pré-sal, com custo da ordem de US$ 3 por barril, deram contribuição relevante para a queda do custo médio total”, disse o executivo.
Aliás, a estratégia atual da companhia visa a venda de ativos considerados não essenciais, em busca de reduzir dívidas e focar esforços em ativos de exploração e produção de grande retorno, principalmente no pré-sal.
Já lucro antes de juros, impostos, amortização e depreciação (Ebitda) ajustado somou R$ 129,2 bilhões no ano passado, 12,54% maior que o registrado em 2018, também um recorde histórico.
No quarto trimestre, o lucro líquido atingiu R$ 8,15 bilhões, ante R$ 2,1 bilhões no mesmo período de 2018. Analistas do BTG Pactual esperavam um lucro de R$ 9,09 bilhões.
O Ebitda ajustado somou R$ 36,53 bilhões entre outubro e dezembro, alta de cerca de 25% ante o mesmo período de 2018.
ENDIVIDAMENTO
Em 2019, o índice dívida líquida/LTM Ebitda ajustado subiu para 2,46 vezes versus 2,34 vezes em 2018, devido aos efeitos do IFRS 16 em 2019. Uma vez expurgados tais efeitos, o índice teria sido 1,99 vez em 2019, disse a Petrobras.
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A entrada de recursos de desinvestimento, segundo a companhia, levou a uma queda de 25% na dívida bruta em 31 de dezembro, atingindo US$ 63 bilhões, excluindo os efeitos do IFRS 16. Com os efeitos da norma contábil, houve uma adição de US$ 23,9 bilhões à dívida.
Já a dívida líquida aumentou 4,6% ante o final do terceiro trimestre, para US$ 78,8 bilhões, devido ao uso de recursos para pagamento de bônus referente ao leilão do excedente da cessão onerosa no mês de dezembro de 2019.
“Avanços foram realizados, mas estamos ainda muito aquém do desejado. A Petrobras continua a ser uma das companhias de petróleo mais endividadas do mundo, com dívida bruta de US$ 87,1 bilhões, alavancagem acima do recomendável para uma empresa de petróleo e custos elevados”, disse Castello Branco.
Em 2019, os investimentos totalizaram US$ 27,4 bilhões, sendo US$ 10,7 bilhõessem bônus exploratórios, em linha com a meta de US$ 10 bilhões a US$ 11 bilhões, divulgada no segundo trimestre.
Diante do resultado, o conselho de administração da petroleira aprovou a distribuição de remuneração aos acionistas sob a forma de dividendos no valor de R$ 1,7 bilhão para as ações ordinárias e R$ 2,5 milhões para as ações preferenciais em circulação.
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No ano, a remuneração aos acionistas sob a forma de dividendos e juros sobre capital próprio (JCP) foi no valor de R$ 10,6 bilhões, equivalente a R$ 0,73 por ação ordinária e R$ 0,92 por ação preferencial em circulação.
BAIXAS CONTÁBEIS
As baixas contábeis entre outubro e dezembro somaram R$ 9,14 bilhões, alta de 45% ante o mesmo período do ano anterior, devido principalmente a uma revisão de expectativa na curva do petróleo Brent, que trouxe uma despesa de R$ 6,59 bilhões para a companhia.
Dentre os outros motivos para as baixas contábeis estão o adiamento de investimentos para uma segunda unidade de refino da refinaria Abreu e Lima (Rnest) e o cancelamento da unidade de fertilizantes UFN III, colocada à venda neste mês.
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