O Ibovespa disparou quase 14% hoje (13), com medidas de bancos centrais e governos dando uma trégua no caos recente nas bolsas globais por causa da pandemia de coronavírus, mas ainda assim teve a pior performance semanal em mais de uma década.
Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa subiu 13,91%, a 82.677,91 pontos, maior alta desde 13 de outubro de 2008. Na máxima, chegou a 83.757,51 pontos. O volume financeiro totalizou R$ 42,385 bilhões.
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Na semana, contudo, o Ibovespa acumulou queda de 15,6%, pior resultado desde a semana encerrada em 10 de outubro de 2008, que fez ampliar a perda em 2020 para 28,5%.
Ontem (12), em pregão marcado por dois circuit breakers, o Ibovespa fechou em queda de 15,15%, maior baixa desde setembro de 1998, ano marcado pela crise financeira russa. O tombo só não foi maior porque o Fed de Nova York anunciou injeção maciça de recursos no sistema financeiro.
Agentes financeiros consideraram a valorização dos papéis nesta sessão uma recuperação técnica, após o comportamento caótico da véspera. Na B3, o mecanismo de circuit breaker foi acionado quatro vezes nessa semana, sendo duas vezes apenas na quinta-feira – o que não acontecia desde 2008.
“O mercado vai entrando no modo pânico conforme ficou claro que o contágio do coronavírus teria um impacto real na atividade econômica, nas empresas… O mercado ficou muito estressado”, observou Gustavo Aranha, sócio e diretor de distribuição da GEO Capital.
Além do coronavírus, declarado pandemia pela Organização Mundial da Saúde (OMS) na quarta-feira (11), também uma guerra nos preços do petróleo, com a Arábia Saudita anunciando aumento na produção e corte nos preços, derrubou as cotações da commodity no começo da semana e adicionou ainda mais dúvidas ao cenário.
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“O mercado fica sem referências de preços”, acrescentou Aranha, citando que ainda é difícil avaliar se os ativos atingiram o piso. “Mas, conforme as respostas de governos e BCs forem melhorando, ficando maiores, a volatilidade pode diminuir e os mercados podem voltar ao caminho da racionalidade.”
Após a ação do Federal Reserve de Nova York na véspera, vários bancos centrais anunciaram nesta sexta-feira estímulos e medidas para tentar atenuar os efeitos da pandemia, entre eles o Banco do Japão e o Banco do Povo da China.
Em Wall Street, o S&P 500 fechou em alta de 9,3%, mas acumulou queda de 8,79% na semana.
Na parte da tarde, o presidente Donald Trump fortaleceu a alta dos mercados ao declarar emergência nacional nos EUA devido ao rápido crescimento do coronavírus, abrindo a porta para fornecer cerca de US$ 50 bilhões em ajuda federal para combater a doença.
“Tem sido um período muito difícil. A crise tem como origem um elemento inusitado, amplo e de forte impacto psicológico. Uma combinação explosiva para os corações, mentes e preços dos ativos”, avaliou o estrategista Odair Abate, da Panamby Capital.
“Os preços estão muito atrativos (teoricamente). A questão passa a ser: qual o tamanho da recessão que virá ou que pode vir? Difícil dizer, pra falar o mínimo. Pensando em médio e longo prazos, temos uma oportunidade de compra. Pensando em curto prazo, novas oscilações (quedas) podem acontecer.”
Até ontem, o valor de mercado das empresas listadas na bolsa paulista havia caído em R$ 1,52 trilhão, para R$ 3,03 trilhões, segundo dados da Economática. Apenas no dia 12 a perda foi de R$ 489,2 bilhões, a maior da história.
A turbulência global também manteve o ritmo de vendas de estrangeiros do mercado secundário doméstico, com as saídas em março alcançando R$ 12,5 bilhões até 11 de março, dado mais recente disponibilizado pela B3. No ano, o saldo está negativo em R$ 52,6 bilhões.
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No Brasil, agentes também acompanharam o noticiário ligado ao exame de coronavírus feito pelo presidente Jair Bolsonaro, após um integrante de sua comitiva presidencial em viagem aos EUA ter tido resultado positivo em teste para o novo vírus. O resultado de Bolsonaro foi negativo.
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