O dólar teve firme queda hoje (8), de mais de 1,6%, com o real entre as divisas de melhor desempenho no mundo numa sessão positiva em mercados de risco de forma geral e com a percepção de que o Banco Central está mais disposto a intervir para defender o câmbio.
Pelo segundo dia consecutivo, o BC disponibilizou dinheiro “novo” ao mercado de câmbio via oferta líquida de contratos de swap cambial tradicional. A operação desta quarta foi anunciada quando o dólar estava em torno das máximas do dia, mas apenas em leve alta. Ontem (7), o BC informou a realização de leilão de swap mesmo com o dólar já em queda.
A oferta desse derivativo nesta sessão ocorreu depois de o presidente do BC, Roberto Campos Neto, dizer que a autoridade monetária está preparada para atuar a qualquer momento e de forma muito mais forte no mercado cambial – se necessário.
“Estamos preparados, as reservas são grandes”, afirmou. “Temos atuado e podemos, a qualquer momento, atuar muito mais forte do que temos atuado até então.”
Para Fabrizio Velloni, chefe da mesa de câmbio da Frente Corretora, as palavras de Campos Neto – junto às atuações no mercado – representam uma mudança de discurso do BC. “O Banco Central só sinalizou que a teoria que ele tinha de não intervir e manter a banda flutuante não vale mais”, disse Velloni.
O BC sempre procurou deixar claro que intervém no mercado de câmbio para corrigir distorções provocadas, entre outros motivos, por problemas de liquidez, sem visar interferir no patamar da taxa cambial, já que o regime é de câmbio flutuante.
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O swap cambial tradicional é um derivativo cuja venda funciona como uma injeção de liquidez no mercado futuro de câmbio. Sua colocação ajuda a saciar demanda por moeda e, assim, reduzir a pressão sobre o preço do dólar.
O BC tem feito neste ano venda de dólar via swaps, oferta de moeda no mercado spot e por linhas de moeda. Apenas em swaps, a autoridade monetária já colocou em abril US$ 962 milhões em dinheiro “novo” – que exclui rolagens. No ano, a soma vai a US$ 11,165 bilhões.
Mas a queda do dólar no Brasil também foi reflexo de um ambiente mais favorável a risco no exterior, onde a moeda dos EUA se depreciava contra várias divisas – como as de países emergentes e os dólares australiano e neozelandês. O real costuma oscilar em sintonia com esses ativos.
A ata do Federal Reserve (Fed, banco central norte-americano) corroborou a fraqueza do dólar, à medida que sinalizou manutenção do juro baixo nos EUA por mais tempo e demonstrou uma percepção sombria da parte do colegiado sobre os impactos econômicos do coronavírus no país.
Por fim, a decisão do senador norte-americano Bernie Sanders de suspender a campanha pela indicação presidencial democrata para as eleições deste ano também amparou a busca por risco no mundo, ajudando a baixar o dólar. Sanders se declara socialista, e suas propostas são vistas com desconfiança pelo mercado.
No fechamento das operações no mercado à vista, o dólar caiu 1,63%, a R$ 5,1432 na venda. Na mínima do dia, a cotação desceu a R$ 5,1394 (-1,70%).
Na B3, o dólar futuro de vencimento mais próximo tinha queda de 1,84%, a R$ 5,1350, às 17h43.
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