Quando os Estados Unidos conseguiram sua independência há 241 anos, a agricultura era o carro-chefe da economia. Em 1870, aproximadamente metade da população empregada trabalhava no setor. Hoje, esta é uma indústria de US$ 3 trilhões, mas apenas 2% dos norte-americanos têm um trabalho na área.
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Este cenário ocorre, em grande parte, por causa da tecnologia. Tratores e outros avanços da automação do século 20 deixaram a gestão de grandes fazendas concentrada nas mãos de um pequeno grupo de pessoas. Mas isso, paradoxalmente, desacelerou as coisas atualmente. Com um número reduzido de pessoas em cada uma das propriedades, não restou muito tempo – ou incentivo – para inovar.
“Você tem apenas 40 tentativas na agricultura convencional. Entre os 20 e os 60 anos, são 40 temporadas”, afirma Duncan Logan, fundador e CEO da RocketSpace, empresa que ajuda startups, empreendedores e marcas a se desenvolverem. “Com a tecnologia, você consegue 40 tentativas em um único dia.”
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E nem mesmo as terras estão imunes à revolução da informação. Hoje, existem centenas de startups de agrotecnologia ao redor do mundo e alguns especialistas dizem que a situação lembra o início da internet. Existe muita atividade na agricultura, mas ainda não existe um vencedor que se destaque – é difícil afirmar quem será o Facebook ou a Amazon do setor. Some a isso as pressões causadas pelas mudanças climáticas, o fato de que 2 bilhões a mais de pessoas viverão no planeta até 2050 e a constatação de que apenas 40% da terra do mundo está disponível para o cultivo e você terá um mercado propício para inovações – e muito dinheiro.
“Atualmente, o setor da agrotecnologia está em uma posição única. Você não pode ignorar o básico”, afirma Corey Huck, vice-presidente de desenvolvimento de negócios da AgTech Accelerator Corporation, empresa especializada em investir em startups. “Você precisa produzir uma grande safra em um espaço limitado e 70% da água doce já está sendo utilizada na agricultura. Temos de fazer mais com menos e a única maneira de fazer isso é com tecnologia.”
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De um equipamento de irrigação projetado para combater a seca até startups de biotecnologia que cultivam futuras colheitas para comercialização, FORBES identificou 25 peças da crescente tecnologia deste setor. Juntas, elas têm mais de US$ 400 milhões em financiamentos. Os investimentos vêm, por exemplo, da Fundação Bill e Melinda Gates e das empresas de investimentos de risco Kholsa Ventures, Google Ventures (GV), Monsanto Ventures e Andreessen Horowitz. Até mesmo o ex-presidente dos Estados Unidos Barack Obama entrou no jogo.
Para checar as startups com maior potencial, pesquisamos os panoramas no segmento de tecnologia da agricultura por meio de entrevistas com especialistas e investidores de risco e, depois, da análise das credenciais financeiras e agrícolas de cada uma delas.
Veja, na galeria de fotos, as 25 startups de agrotecnologia mais inovadoras em ordem alfabética:
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Reprodução/Forbes AgCode
A empresa de gerenciamento de vinhedos ajuda os viticultores a rastrearem as condições das colheitas, do campo e da maturação da uva para maximizar rendimentos e coordenar a mão-de-obra. Apreciadores de vinhos apoiam a empresa: sete das 10 melhores adegas dos Estados Unidos utilizam a tecnologia da AgCode. Em fevereiro, conquistou um investimento da Cavallo Ventures, cujo valor não foi revelado. A companhia é um braço da Wilbur-Ellis, uma das principais empresas de comércio e distribuição de produtos agrícolas.
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iStock AGERpoint
A startup produz um software de gestão para pomares de nozes e de citrinos que utiliza dados de satélite. Estes dados são segmentados o suficiente para fornecerem informações específicas das árvores como o tamanho de suas copas ou o diâmetro do tronco. A empresa espera atingir um equilíbrio em 2017 com US$ 3 milhões em vendas. Até o momento, já conseguiu levantar, aproximadamente, US$ 9 milhões e está avaliada em US$ 30 milhões.
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Reprodução/Forbes Arvegenix
Antigos executivos da Monsanto lideram esta startup, que está desenvolvendo um novo cultivo comercial chamado pennycress que pode ser adicionado ao rodízio da produção entre milho e soja – ou seja , durante o inverno, enquanto a terra estaria ociosa. O cultivo no inverno protege o solo da erosão e absorve a poluição do nitrogênio, gerando dinheiro para os agricultores. A Monsanto Ventures liderou a última rodada de financiamento da empresa.
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iStock BluWrap
A BluWrap utiliza uma técnica patenteada de gerenciamento de oxigênio que cria um ambiente controlado, capaz de aumentar o prazo de validade das proteínas perecíveis. Com isso, os fornecedores podem despachar seus produtos por via marítima, que é um transporte mais lento, mas mais barato, e assim reduzir o custo operacional. A Anterra Capital, investidora internacional de risco do setor de alimentos e crescimento agrícola, é uma das investidoras da empresa, que levantou US$ 18,6 milhões.
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iStock Bovcontrol
Esta gestora de pecuária está ajudando criadores de gado a manterem um melhor monitoramento de seus rebanhos por meio da tecnologia de nuvem. A Bovcontrol rastreia inventários, vacinação, necessidades nutricionais e várias outras informações. O software da empresa é utilizado por fazendeiros em todos os continentes (exceto na Antártica).
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Reprodução/Forbes BrightFarms
A demanda por produtos locais aumentos nos últimos tempos e a BrightFarms está construindo e operando estufas em áreas urbanas e periféricas. A empresa faz parcerias com supermercados como Giant, ACME e Pick-n-save e coloca a fazenda próxima ou na própria loja para garantir o frescor da produção. A empresa levantou US$ 57,9 milhões em ações até o momento.
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iStock Clear Labs
Esta startup científica está fazendo uma base de dados da oferta mundial de alimentos ao estudar a comida em um nível molecular. O objetivo é utilizar as informações para ajudar distribuidoras de comida a escolherem os melhores fornecedores e evitar o próximo surto devastador de uma doença causada pelos alimentos. Entre seus investidores estão as empresas de venture capital Khosla Ventures e Google Ventures (GV).
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Reprodução/Forbes CropX
A startup israelense CropX vende softwares que buscam aumentar o rendimento das colheitas ao focar na economia de água e energia. Com sensores instalados no campo, o sistema automaticamente entrega a quantidade correta de água para cada planta, em vez de molhar um campo inteiro de uma vez. Fundada em 2013, a empresa já levantou US$ 10 milhões.
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iStock Farmer’s Edge
A empresa construiu um sistema formado por software e hardware que utiliza imagens de satélite e tecnologia de precisão para ajudar produtores a identificar, mapear e gerenciar as oscilações da terra. Até então, levantou US$ 94,3 milhões em financiamentos.
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iStock Farmer’s Business Network
A empresa de big data conecta mais de 3.400 pequenas fazendas com dados abertos sobre rendimentos, preços da cadeia de abastecimento e outras informações que permitem que elas consigam competir com grandes operações. Já levantou mais de US$ 83 milhões em financiamento com a ajuda da Google Ventures e da Double Bottom Line Partners, que investe tanto no sucesso financeiro quanto no impacto social das empresas com as quais trabalha.
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iStock FarmLead
Consiste em uma plataforma online para grãos que permite que os produtores consigam ir além de seus mercados locais e vendam para quem fizer a melhor proposta. Compradores e vendedores podem se registrar de graça e os acordos são negociados de maneira anônima. A Monsanto Growth Ventures, grupo de capital de risco que oferece soluções tecnológicas e produtos para melhorar a produtividade agrária, lidera as séries A.
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iStock FoodLogiQ
Um recall de um alimento custa, em média, US$ 10 milhões. A FoodLogiQ almeja reduzir este custo ao utilizar dados para rastrear a cadeia de abastecimento, da fazenda ao prato. Ela trabalha com mais de 3.500 empresas de alimento, incluindo a Whole Foods, rede de supermercados especializada em produtos naturais e orgânicos, a Subway, rede de fast food, e a Chipotle, de culinária mexicana.
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iStock Full Harvest
Cerca de 20 bilhões de libras de produtos “feios” são desperdiçados nos Estados Unidos todo ano. A Full Harvest está tentando reduzir este desperdício ao construir uma plataforma B2B (business to business) onde produtores podem se conectar com empresas de alimentos para descarregar excedentes e produtos imperfeitos. A empresa ganhou o prêmio de inovação na United Fresh, uma das maiores conferências sobre produtos do país.
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iStock Granular
Grandes distribuidores conseguem agilidade graças a bancos de dados que ajudam a monitorar tudo. O software da Granular faz exatamente isso, permitindo que os agricultores priorizem suas forças de trabalho, controlem a rentabilidade e prevejam as receitas, por exemplo. A empresa levantou mais de US$ 24 milhões em capital com a ajuda da Andreessen Horowitz, Tao Capital Partners e Khosla Ventures.
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Reprodução Mavrx
O software desta startup permite que os agricultores visualizem todos os seus campos em um instante, destacando as áreas onde os recursos precisam ser direcionados e comparando o desempenho das colheitas. A empresa levantou mais de US$ 22 milhões com a ajuda da Bloomberg Beta e Crosslink Ventures, entre outras empresas de capital de risco.
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iStock mOasis
A mOasis está fazendo um aditivo de solo não tóxico à base de soja que ajuda as sementes a se desenvolverem mais com menos água. Ele funciona por meio do armazenamento de uma quantidade extra de água próxima à raiz da planta, que é liberada conforme o solo seca. Um teste de campo da universidade UC Davis descobriu que o produto fornece 30% de aumento no rendimento de brócolis com 25% menos água.
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iStock Produce Pay
Fundada na Universidade Cornell em 2014, esta startup de cadeia de abastecimento tem como objetivo resolver problemas de fluxo de caixa ao pagar pelo produto no dia seguinte do seu envio, em vez do tradicional período de 30 a 45 dias. Seu financiamento total é de US$ 13,4 milhões, vindo de empresas como a CoVenture e Menlo Ventures.
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iStock RipeIO
Ex-financiadores estão trazendo a tecnologia blockchain para a cadeia de suprimentos da comida. Seus algoritmos fornecem dados para calcular resultados sustentáveis, assim como os efeitos do desperdício e níveis de segurança.
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iStock S4
A S4 é uma empresa de precisão agrária argentina com um lado financeiro tecnológico que paga produtores e empresas da cadeia de abastecimento em caso de riscos sistêmicos, como secas ou inundações. A startup espera US$ 2 milhões em receita até o final do ano. Já levantou US$ 3,5 milhões em sua série A.
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Reprodução/Forbes Sample6
A Sample6 afirma ser dona do sistema mais rápido do mundo na detecção de patógenos nos alimentos, capaz de localizar um inseto, por exemplo, em seis horas. Seu produto detecta patógenos e a bactéria listeria nas plantas. A empresa levantou mais de US$ 30 milhões com a ajuda da Campbell Soup’s Venture Capital Acre Venture Partners e de Sam Kass, ex-assessor político de Barack Obama.
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iStock Spensa Technologies
O software desta empresa permite que agricultores gravem, baixem e monitorem observações sobre os campos. Seu equipamento Z-Trap ajuda os fazendeiros a rastrear pragas in loco ao enganar e identificar espécies de insetos. A ideia foi desenvolvida com a ajuda da National Science Foundation e a empresa levantou mais de US$ 5 milhões em financiamentos externos até o momento.
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iStock Strider
A startup brasileira de gestão de fazendas comercializa um aplicativo de monitoramento de pestes que permite que os agricultores monitorem e decidam como tratar infestações. A empresa levantou US$ 5 milhões com a ajuda da Qualcomm Ventures.
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iStock SWIIM
O processo patenteado por trás da SWIIM – ou Sustainable Water and Innovative Irrigation Management – monitora orçamentos de água e computa dados. Isto permite que um usuário de água em larga escala, como fazenda ou uma empresa de serviços públicos, gerencie melhor o uso. Um de seus parceiros é a Western Growers Association. Entre seus clientes está o Distrito Metropolitano de Água da Califórnia.
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Reprodução/Forbes Terviva
A empresa, baseada em Oakland, na Austrália, está cultivando a pongamia, planta tipicamente australiana e indiana, em solo norte-americano. A árvore produz uma semente de óleo com 10 vezes mais rendimento do que a soja e tem o potencial de criar um biocombustível alternativo. A empresa está avaliada em US$ 32 milhões depois de captar cerca de US$ 15 milhões.
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iStock Trace Genomics
Ao utilizar o aprendizado sobre equipamentos e testes de genoma, a empresa pode identificar micróbios e outros dados biológicos na soja, o que ajuda agricultores a maximizarem seus rendimentos. Levantou US$ 4 milhões para desenvolver sua tecnologia.
AgCode
A empresa de gerenciamento de vinhedos ajuda os viticultores a rastrearem as condições das colheitas, do campo e da maturação da uva para maximizar rendimentos e coordenar a mão-de-obra. Apreciadores de vinhos apoiam a empresa: sete das 10 melhores adegas dos Estados Unidos utilizam a tecnologia da AgCode. Em fevereiro, conquistou um investimento da Cavallo Ventures, cujo valor não foi revelado. A companhia é um braço da Wilbur-Ellis, uma das principais empresas de comércio e distribuição de produtos agrícolas.