O custo da tragédia

Saiba quanto foi o prejuízo financeiro de 17 acidentes, naturais ou não, ocorridos em diversos países do mundo

Julia Di Spagna

Não há dúvida de que o principal prejuízo causado por uma tragédia – seja ela natural ou não – é a perda de vidas humanas. Mas, além dele, há também os custos financeiros que, no caso das tragédias naturais em áreas menos desenvolvidas, por exemplo, acabam se traduzindo em pobreza e doenças decorrentes da falta de recursos para a reconstrução.

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Nesta terça-feira (19), um forte terremoto atingiu a Cidade do México logo depois de o furacão Maria ser elevado a maior categoria na escala de furacões. O Maria devastou Dominica, país no Caribe, e segue em direção a Porto Rico e Ilhas Virgens podendo, ainda, atingir Miami, a exemplo de seu antecessor, o furacão Irma.

Veja, a seguir, o prejuízo financeiro causado por 17 grandes tragédias ao redor do mundo:

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    Titanic, abril de 1912: US$ 164,2 milhões

    O naufrágio do Titanic é, provavelmente, uma das tragédias mais conhecidas da história. A embarcação, considerada um dos transatlânticos mais luxuosos do mundo, afundou em sua viagem inaugural, no dia 15 de abril de 1912, depois de colidir com um iceberg. Mais de 1.500 passageiros e tripulantes morreram. Só o navio havia consumido recursos da ordem de US$ 7 milhões na época (o equivalente a cerca de US$ 150 milhões nos dias atuais). Com a chegada da grande guerra, os processos de indenização foram interrompidos. Em julho de 1916 estabeleceu-se um acordo de US$ 663 mil (aproximadamente US$ 14,2 milhões em valores atualizados) para ratear entre as famílias das vítimas e os sobreviventes como forma de compensação.

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    Terremoto de Tangshan, julho de 1976: 10 bilhões de yuans

    A província industrial de Tangshan, localizada a 200 quilômetros de Pequim, na China, sofreu um abalo sísmico de 7.5 na escala Richter em 28 de julho de 1976. Em menos de 20 segundos, o terremoto destruiu 90% dos edifícios da cidade. Cerca de 16 horas depois, novo tremor, desta vez de magnitude 5.5. Considerando a área e o número de construções atingidas, estima-se que 650.000 pessoas tenham morrido. A perda financeira estimada é 10 bilhões de yuans.

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    Explosão do ônibus espacial Challenger, janeiro de 1986: US$ 5,5 bilhões

    Em 28 de janeiro de 1986, o Ônibus Espacial Challenger, construído pela NASA, foi destruído cerca de 73 segundos depois da decolagem. A causa da explosão foi um problema na vedação de borracha da parte externa do tanque de combustível. Só o custo de reposição do veículo foi de US$ 2 bilhões em 1986 (US$ 4,5 bilhões em valores atuais), mais US$ 450 milhões (US$ 1 bilhão atualmente) com despesas da investigação, solução do problema e reposição de equipamentos perdidos. Não há informações sobre as indenizações para os familiares dos sete astronautas mortos na tragédia.

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    Acidente nuclear de Chernobyl, abril de 1986: US$ 200 bilhões

    O mundo testemunhou, em 1986, o acidente mais caro da história. A tragédia na usina nuclear de Chernobyl, na Ucrânia, ocorreu durante testes com o reator 4 que quebraram uma série de procedimentos de segurança e provocaram o superaquecimento do dispositivo, que transformou-se em uma bola de fogo e explodiu o reator rico em Urânio 35, provocando o vazamento de uma imensa quantidade de material radioativo letal. Na ocasião, mais de 200.000 pessoas precisassem ser transferidas e cerca de 1,7 milhão foram afetadas diretamente pelo acidente. Estima-se que o número de mortes atreladas a Chernobyl, incluindo as pessoas que morreram de câncer anos mais tarde, seja de 125.000. O custo total do desastre, incluindo e limpeza da área, a transferência das pessoas e as compensações pagas às vítimas e suas famílias é calculado em, aproximadamente, US$ 200 bilhões.

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    Acidente da Iran Air, julho de 1988: US$ 61,8 milhões

    No dia 3 de julho em 1988, o voo civil 655 da Iran Air entre o Irã e Dubai foi atingido por um míssil norte-americano. O governo dos Estados Unidos alegou que suspeitava do veículo e não sabia que ele transportava civis. O episódio causou, na época, uma crise diplomática e a Corte Internacional de Justiça condenou os Estados Unidos a pagarem US$ 61,8 milhões em indenizações para as famílias das 290 vítimas que morreram no acidente.

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    Explosão na plataforma de petróleo Piper Alpha, julho de 1988: US$ 3,4 bilhões

    Este é considerado o pior acidente em alto mar da história. Em 6 de julho de 1988, durante uma manutenção de rotina, os técnicos da plataforma Piper Alpha, localizada no mar do Norte e operada pela Occidental Petroleum e pela Texaco, removeram e inspecionaram válvulas de segurança. Infelizmente, eles cometeram um erro e se esqueceram de substituir uma delas. Na mesma noite, outro técnico acionou a partida da bomba de gás e desencadeou o acidente mais caro do mundo em uma plataforma. Em apenas duas horas, a estrutura de 100 metros de altura foi consumida pelas chamas. O acidente matou 167 operários e gerou um prejuízo de US$ 3,4 bilhões.

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    Vazamento do Exxon Valdez, março de 1989: US$ 2,5 bilhões

    O vazamento do navio petroleiro Exxon Valdez não foi o maior acidente ambiental da história, mas teve um alto custo devido a sua localização – Prince William Sound, no Alasca, uma região de difícil acesso. Os 41 milhões de litros de petróleo derramados poluíram 1.800 quilômetros de praias e mataram milhares de animais. A limpeza das águas custou US$ 2,5 bilhões à Exxon.

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    Vazamento de óleo do petroleiro Prestige, novembro de 2002: US$ 12 bilhões

    O petroleiro Prestige carregava 77.000 toneladas de óleo combustível em 13 de novembro de 2002, quando um de seus tanques explodiu perto da costa da Galícia, na Espanha, derramando cerca de 80 milhões de litros no mar. De acordo com um relatório da época, o custo total da limpeza foi de US$ 12 bilhões.

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    Desintegração do ônibus espacial Columbia, fevereiro de 2003: U$S 13 bilhões

    O ônibus espacial Columbia foi o primeiro da frota da NASA a voar em órbita. Ele foi destruído durante sua reentrada na atmosfera terrestre, a 16 minutos do pouso, quando já sobrevoava o Texas, em 1 de fevereiro de 2003. A causa do acidente – que matou os sete tripulantes – foi atribuída aos danos no escudo térmico de uma das asas provocados por uma peça solta. O custo original do ônibus espacial foi de US$ 2 bilhões, em 1978. Esse valor equivale a cerca de US$ 6,3 bilhões em valores atuais. A investigação consumiu outros US$ 500 milhões, enquanto a busca e a recuperação dos escombros custou US$ 300 milhões. De acordo com o American Institute of Aeronautics and Astronautics, o prejuízo total do acidente – sem a reposição do ônibus espacial – chegou a US$ 13 bilhões. O acontecimento marcou o início do fim da era dos voos dos ônibus espaciais e provocou uma total reformulação no programa espacial norte-americano.

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    Explosão de caminhão tanque na Ponte Wiehltal, agosto de 2004: US$ 358 milhões

    Em 26 de agosto de 2004, um veículo bateu em um caminhão tanque carregado com 32.000 litros de combustível na Ponte Wiehltal, localizada entre Colônia e Olpe, na Alemanha. O caminhão acabou destruindo a mureta da ponte e despencando 30 metros até atingir uma estrada e explodir. O incêndio abalou a capacidade de sustentação da ponte que, para ser reconstruída, consumiu cerca de US$ 318 milhões. Além disso, vários reparos emergenciais custaram outros US$ 40 milhões.

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    Tsunami no Oceano Índico, dezembro de 2004: US$ 10,7 bilhões

    Em 26 de dezembro de 2004, um terremoto de magnitude 9,1 na escala Richter que ocorreu na costa da Indonésia gerou um tsunami que matou 226.306 pessoas, afetou 13 países da região e desabrigou mais de 1,8 milhão de pessoas. Estima-se que a tragédia tenha causado prejuízos financeiros de US$ 10,7 bilhões.

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    Queda do bombardeiro B-2, fevereiro de 2008: US$ 1,4 bilhão

    Um bombardeiro B-2 caiu logo depois da decolagem da base aérea de Guam, no Pacífico, em 23 de fevereiro de 2008. Acredita-se que o acidente tenha ocorrido devido à distorção de dados nos computadores de controle de voo, provavelmente, danificados por umidade no sistema. Os dois pilotos do bombardeiro conseguiram ejetar os assentos e saíram ilesos. O valor da aeronave era cerca de US$ 1,4 bilhão.

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    Colisão de trens na Califórnia, setembro de 2008: US$ 500 milhões

    Um dos piores acidentes de trem da história aconteceu em 12 de setembro de 2008, na Califórnia. Na ocasião, 25 pessoas morreram e 135 ficaram feridas depois que um trem de passageiros do sistema de transportes Metrolink colidiu frontalmente com outro trem, só que de carga, da empresa Union Pacific, em Los Angeles. Acredita-se que o veículo da Metrolink tenha ultrapassado um sinal fechado. A estimativa é que a empresa tenha amargado um prejuízo de cerca de US$ 500 milhões, incluindo os processos de indenização.

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    Acidente nuclear de Fukushima, março de 2011: 20 trilhões de ienes

    Depois de um terremoto de 8,9 graus na escala Richter, um maremoto e um subsequente tsunami, a central nuclear de Fukushima, no Japão, liberou quantidades significativas de material radioativo, no que foi considerado o pior acidente do tipo desde Chernobil. Embora não tenha sido detectada nenhuma morte em função da radiação, cerca de 300 mil pessoas precisaram deixar suas casas, mais de 15 mil morreram devido ao terremoto e ao tsunami e outras 1.600 acabaram vítimas fatais algum tempo depois em função das condições de evacuação. Segundo dados oficiais do governo japonês e da proprietária da usina, o custo final para o desmantelamento da central e as compensações pelo acidente nuclear chegará a mais de 20 trilhões de ienes – quase o dobro das estimativas iniciais de 11 trilhões de ienes.

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    Costa Concordia, janeiro de 2012: US$ 2 bilhões

    O navio italiano de passageiros Costa Concordia realizou sua viagem inaugural em julho de 2006. Em 13 de janeiro de 2012, a embarcação de 114,5 mil toneladas e 295 metros de comprimento virou notícia no mundo todo depois de encalhar na Isola del Giglio, uma comuna localizada na Toscana, e afundar parcialmente, matando 32 pessoas. O navio foi declarado perda total e, em 2014, iniciou-se uma mega operação para desmontá-lo e retirá-lo da água. De acordo com algumas estimativas, os prejuízos totais podem chegar a US$ 2 bilhões, considerando-se todas as etapas do resgate e os pagamentos de indenizações às famílias das vítimas. O então capitão, Francesco Schettino, foi julgado culpado pela tragédia e condenado a 16 anos de prisão em decisão definitiva em maio deste ano.

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    Rompimento da barragem de Mariana, novembro de 2015: de R$ 10 bilhões a R$ 14 bilhões

    Enquanto o Brasil se preparava para entrar no último mês do ano, uma tragédia chocou o país e os órgãos ambientais de todo o mundo: o rompimento da barragem de Fundão, em Mariana, Minas Gerais. A operação era de responsabilidade da Samarco, empresa que beneficia minério de ferro na região. O acidente – que provocou vazamento dos rejeitos estocados pela barragem, cobriu a cidade de lama, contaminou o Rio Doce e matou 19 pessoas – já tinha custado, até outubro do ano passado, R$ 665 milhões aos cofres da empresa. Entretanto, a previsão é de que, ao final do processo, quando o meio ambiente tiver sido recuperado e as indenizações aos moradores pagas, essa cifra fique entre R$ 10 bilhões e R$ 14 bilhões.

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    Furacão Irma, outubro de 2017: US$ 50 bilhões

    O ciclone tropical que, depois de provocar muita destruição no Caribe, seguiu para a Flórida, deixou milhões de pessoas sem energia e cerca de 50 mortos. De acordo com a agência de pesquisa Enki Research, a previsão é que os custos da tragédia fiquem por volta de US$ 50 bilhões.

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Titanic, abril de 1912: US$ 164,2 milhões

O naufrágio do Titanic é, provavelmente, uma das tragédias mais conhecidas da história. A embarcação, considerada um dos transatlânticos mais luxuosos do mundo, afundou em sua viagem inaugural, no dia 15 de abril de 1912, depois de colidir com um iceberg. Mais de 1.500 passageiros e tripulantes morreram. Só o navio havia consumido recursos da ordem de US$ 7 milhões na época (o equivalente a cerca de US$ 150 milhões nos dias atuais). Com a chegada da grande guerra, os processos de indenização foram interrompidos. Em julho de 1916 estabeleceu-se um acordo de US$ 663 mil (aproximadamente US$ 14,2 milhões em valores atualizados) para ratear entre as famílias das vítimas e os sobreviventes como forma de compensação.