Resumo:
- O número de mortes em atentados terroristas de 2018 não chegou à metade de 2014, o auge do terrorismo mundial;
- Um pequeno número de grupos pode ser responsabilizado pela esmagadora maioria de mortes;
- A decadência de grupos conhecidos, como o Estado Islâmico, abriu espaço para outras organizações, como o Talibã, aumentarem a atuação;
- A característica em comum dos grupos terroristas mais violentos é a de terem sido criados há pouco tempo.
O número de mortes por terrorismo caiu novamente em 2018, pelo quarto ano consecutivo. No ano passado, quase 15.952 pessoas perderam a vida em ataques terroristas, de acordo com o mais recente Índice Global de Terrorismo, divulgado hoje pelo Instituto de Economia e Paz (IEP).
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Ainda é um número grande, mas é menos da metade do que no auge, em 2014, quando 32.685 pessoas foram mortas pelo mesmo motivo.
Como nos anos anteriores, um pequeno punhado de grupos foi responsável pela maior parte dos assassinatos em 2018. Entre eles, os quatro grupos mais mortais responderam por 9.223 mortes no ano passado, representando 57,8% de todas as mortes relacionadas ao terrorismo.
No entanto, alguns desses grupos matam menos do que no passado recente. As mortes atribuídas ao Estado Islâmico, por exemplo, caíram 69% em 2018, para 1.328, e o número de ataques do grupo fundamentalista caiu 63%. Dois anos antes, em 2016, o mesmo Estado Islâmico havia sido responsável por mais de 9.000 mortes.
Outros grupos violentos também foram menos ativos no ano passado. Os atentados do Al-Shabaab, da Somália, caíram 24%, por exemplo, após um aumento de ataques aéreos liderados pelos Estados Unidos contra o grupo.
Apesar disso, outros grupos estão se tornando mais perigosos. O Talibã do Afeganistão matou 71% mais pessoas no ano passado, com 6.103 mortes. E embora o Estado Islâmico possa ter sido amplamente derrotado, pelo menos em termos territoriais, sua influência está longe de terminar. Alguns grupos afiliados ao Estado Islâmico estão se tornando mais ativos, como o Khorasan, braço do Estado Islâmico, responsável por mais de 1.000 mortes no ano passado, principalmente no Afeganistão.
Esse número colocou o Khorasan como um dos quatro grupos terroristas mais mortais do mundo no ano passado, a primeira vez que foi incluído nessa relação.
Os grupos mais perigosos tendem a ser organizações relativamente jovens. O Estado Islâmico, o Khorasan e o Boko Haram nem sequer existiam uma década atrás.
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Além desse bando de extremistas, existem vários outros grupos mortais, como as Forças Democráticas Aliadas na República Democrática do Congo, o Exército do Novo Povo nas Filipinas e os grupos maoístas na Índia. Alguns têm sido cada vez mais ativos, como os grupos Fulani na Nigéria.
Com base em suas ações em 2018, os grupos terroristas mais mortais são, em ordem inversa:
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GettyImages/Anadolu Agency 4. Boko Haram
O grupo extremista islâmico foi formado em 2009 e foi responsável por mais de 15 mil mortes nos últimos cinco anos. É mais ativo no estado nigeriano de Borno, localizado no nordeste, mas também realizou ataques em Burkina Faso e Camarões.
O grupo foi responsável por 732 mortes em 2018. Número 42% menor que no ano anterior e 89% menor que o pico de 2014, quando foi responsável por mais de 6.600 mortes. A grande maioria de seus ataques (85%) no ano passado ocorreu na Nigéria.
O Boko Haram usa mulheres e crianças para realizar seus ataques, algo incomum. Dois terços dos agressores do grupo são do sexo feminino e, desses, um terço são crianças. No entanto, seus bombardeios convencionais tendem a ser mais letais.
O grupo foi pressionado pelas Forças Tarefas Multinacionais Conjuntas, que recuperaram as terras controladas por eles. Isso levou o Boko Haram a se dividir em facções menores. O maior grupo dissidente a surgir foi a Província da África Ocidental do Estado Islâmico (ISWAP), liderada por Musab al-Barnawi, que controla o território ao redor do lago Chade. Outro subgrupo é a facção Shekau, liderada por Abubakar Shekau.
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GettyImages/Andrew Renneisen 3. Khorasan do Estado Islâmico
Esse grupo atua principalmente no Afeganistão e no Paquistão, mas também realizou ataques na Índia e tentou fazer o mesmo na Europa. O ano passado foi o ano mais mortal até agora, com 1.060 mortes atribuídas ao grupo, contra 891 no ano anterior – o suficiente para colocá-lo entre as quatro organizações terroristas mais mortais do mundo pela primeira vez.
O grupo tem sua fortaleza no norte e leste do Afeganistão, mas pode existir também células adormecidas na capital Cabul e em outras grandes cidades como Herat e Jalalabad. O nome deriva da região de Khorasan, que abrange o nordeste do Irã moderno, bem como áreas do Afeganistão e partes de várias repúblicas da Ásia Central, incluindo o Tajiquistão, o Turquemenistão e o Uzbequistão.
O número de ataques realizados pelo grupo diminuiu no ano passado, mas os incidentes foram mais letais, em média. O mais mortal foi o atentado suicida de um comício eleitoral para o Partido Balochistan Awami no Paquistão em julho de 2018, que deixou 150 pessoas mortas. O grupo também matou pelo menos 70 pessoas em um ataque a um centro de recenseamento eleitoral em Cabul em abril do ano passado.
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GettyImages/NurPhoto 2. Estado Islâmico
As operações contra o Estado Islâmico no Iraque e na Síria, juntamente com o aumento da violência no Afeganistão, fez com que o grupo (também conhecido como ISIS, ISIL e Daesh) não seja mais a organização terrorista mais mortal do mundo. É a primeira vez que o Estado Islâmico não reivindicou esse título infame desde 2014, quando o Boko Haram era o grupo mais letal do mundo.
No ano passado, o Estado Islâmico foi responsável por 1.328 mortes. Uma queda de 69% em relação ao ano anterior, quando matou 4.350 pessoas, e uma baixa de 85% em relação ao seu pico em 2016, quando foi responsável pela morte de 9.132 pessoas. Seu alcance internacional também parece estar diminuindo. No ano passado, o Estado Islâmico estava ativo apenas em cinco países. Em 2016, esse número era de 15 países.
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GettyImages/NurPhoto 1. Talibã
Em 2018, o Talibã superou o Estado Islâmico como o grupo terrorista mais mortal do mundo, uma posição que ocupou pela última vez em 2013. O grupo afegão foi responsável por um aumento de 71% no número de mortes no ano passado, com 6.103 mortos. Criado em 1994, o Talibã tem suas origens em grupos que lutaram contra a invasão soviética de 1979, bem como em membros da tribo pashtun. Chegou a deter algum poder político significativo no Afeganistão, governando o país entre 1996 e 2001, quando foi deposto por uma invasão liderada pelos Estados Unidos.
No ano passado, o grupo intensificou sua campanha de violência, particularmente contra alvos militares e policiais, em uma tentativa de conseguir mais força em qualquer negociação de paz. Em 2018, mais de 3.600 militares e policiais foram mortos em ataques atribuídos ao Talibã.
O número total de ataques terroristas pelo Talibã aumentou 39% em 2018, subindo para 972. Também se tornaram mais mortais, com uma média de 6,3 mortes por ataque, em comparação com 5,1 em 2017, segundo o IEP. Entre eles, está o ataque terrorista mais mortífero do mundo no ano passado, contra a cidade de Ghazni em agosto de 2018, que causou 466 mortes. No geral, o Talibã foi responsável por mais de 21 mil mortes nos últimos cinco anos.
4. Boko Haram
O grupo extremista islâmico foi formado em 2009 e foi responsável por mais de 15 mil mortes nos últimos cinco anos. É mais ativo no estado nigeriano de Borno, localizado no nordeste, mas também realizou ataques em Burkina Faso e Camarões.
O grupo foi responsável por 732 mortes em 2018. Número 42% menor que no ano anterior e 89% menor que o pico de 2014, quando foi responsável por mais de 6.600 mortes. A grande maioria de seus ataques (85%) no ano passado ocorreu na Nigéria.
O Boko Haram usa mulheres e crianças para realizar seus ataques, algo incomum. Dois terços dos agressores do grupo são do sexo feminino e, desses, um terço são crianças. No entanto, seus bombardeios convencionais tendem a ser mais letais.
O grupo foi pressionado pelas Forças Tarefas Multinacionais Conjuntas, que recuperaram as terras controladas por eles. Isso levou o Boko Haram a se dividir em facções menores. O maior grupo dissidente a surgir foi a Província da África Ocidental do Estado Islâmico (ISWAP), liderada por Musab al-Barnawi, que controla o território ao redor do lago Chade. Outro subgrupo é a facção Shekau, liderada por Abubakar Shekau.
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