Não há como minimizar o quão desastroso a Covid-19 tem sido para as maiores companhias aéreas da América. Com as viagens de avião praticamente suspensas por conta do home office e do cancelamento de férias a fim de retardar a propagação do vírus, Delta, Southwest, United e American Airlines todas caíram mais de 60 posições no ranking anual da Global 2000 Forbes — a lista das maiores empresas de capital aberto do mundo.
O valor de mercado acumulado das quatro companhias aéreas caiu mais de 50% desde 2019. Todas elas estão muito menos lucrativas do que eram no ano passado –a American foi realmente prejudicada de modo a cair da posição 372ª para 967ª no ranking geral. E os piores números ainda estão por vir, quando a empresa reportar ganhos do segundo e terceiro trimestres.
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Os balanços divulgados em abril já foram ruins o suficiente ainda que as paralisações tenham sido implementadas nos Estados Unidos apenas nas últimas semanas do período. As principais companhias aéreas estão suspendendo a maioria de seus voos, respondendo à demanda inexistente. A United, por exemplo, suspendeu cerca de 90% de sua capacidade típica em maio e espera fazer o mesmo em junho.
O setor está em uma situação tão difícil que o governo federal interveio para ajudar. Um valor de US$ 25 bilhões do pacote de estímulo de US$ 2,2 trilhões assinado em abril foi destinado a dez aéreas comerciais dos Estados Unidos, embora elas tenham de pagar 30% da ajuda na forma de empréstimos de dez anos e juros baixos. Para receber o auxílio, as empresas são obrigadas a evitar demissões significativas ou reduções salariais até setembro e não podem recomprar suas ações até um ano depois disso.
Se isso será suficiente para impedir que as companhias aéreas vão à falência, depende de quanto tempo as paralisações e os temores dos consumidores sobre o vírus persistirem. Com o número de mortos nos Estados Unidos se aproximando rapidamente de 100 mil, é impossível dizer quando a crise terminará. O CEO da Delta, Ed Bastian, disse na teleconferência de resultados da empresa no primeiro trimestre, em abril, que foram perdidos US$ 100 milhões diariamente em março. Haverá redução desse número para US$ 50 milhões até junho, devido a mais de um terço de sua força de trabalho ter tirado licença voluntária não remunerada. No entanto, os funcionários não podem permanecer por tempo indefinido nessas condições.
As companhias aéreas internacionais sofrem o mesmo. As principais transportadoras como IAG (International Airlines Group) e Lufthansa também caíram centenas de posições na lista. Para as poucas empresas que melhoraram suas colocações com relação ao ano passado, a situação também é de preocupação. Nenhuma delas havia apresentado informações financeiras do primeiro trimestre antes do final de 30 de abril no banco de dados da Forbes.
As transportadoras que não são tão dependentes de passageiros humanos seguem bem. A UPS permaneceu com a melhor classificação no setor, subindo para a 143ª posição geral depois de registrar lucros do primeiro trimestre em um valor próximo de US$ 1 bilhão. A demanda por remessas apressadas da Amazon está mais alta do que nunca, embora a principal concorrente da UPS, a FedEx, tenha saído das 500 melhores.
A maior organização ferroviária de capital aberto da América, a Union Pacific, também subiu algumas posições, para a 183ª. Seis das dez principais empresas de transporte do mundo são desse setor nos Estados Unidos, no Canadá ou no Japão. A diferença certamente será ainda mais acentuada no próximo ano: no Global 2000 de 2021, as companhias que transportam mercadorias em todo o mundo provavelmente estarão em posições muito mais altas do que aquelas que levam pessoas.
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