Há quatro anos, durante uma viagem para a praia com a esposa, Dimas Moura, 63 anos, assistiu a um vídeo que falava sobre influenciadores digitais. Aquele conceito era novo para ele e o marcou. Dias depois, durante uma caminhada sozinho pela orla, teve o insight: por que não se tornar um influenciador digital maduro? Começou então a se planejar e estudar para se transformar em um guia digital e repassar o conhecimento que acumulava em diferentes áreas para ajudar as pessoas.
A carreira executiva se estendeu ao longo de 45 anos, a maioria deles na engenharia eletrônica. Nas últimas duas décadas de jornada profissional corporativa, atuou na área de negócios e marketing de grandes multinacionais norte-americanas, com passagens longas por empresas como HP e Unisys. Ganhava bem, viajava o mundo a trabalho. Mas sempre planejou interromper a carreira aos 60 anos.
Com essa ideia em mente, planejou-se financeiramente para guardar uma boa reserva e não precisar impactar fortemente o estilo de vida. “Aos 40 anos, conversei com a minha esposa sobre a necessidade de reajustar os gastos para no futuro termos uma vida digna. É importante lembrar que você não é um cargo, você está nele. O luxo que eu tinha era a empresa que pagava”, relembra.
Começou a desenhar o projeto de seu canal enquanto ainda estava empregado e, ao pesquisar o que interessaria seu potencial público-alvo, Moura percebeu que muitas pessoas estão carentes de auxílio e estão chegando aos 50 com dificuldades financeiras. “Quando pedi demissão, me chamaram de maluco, disseram que iria me arrepender. Mas eu não queria dinheiro, era algo maior, para me manter ativo e ajudar as pessoas”, conta.
O criador de conteúdo embarcou em um avião e passou dois meses viajando pela América Central, visitando os 36 lugares que os norte-americanos mais procuram para viver na aposentadoria. “Eu, Deus e minha mochila, me hospedando em albergues, em quartos compartilhados. Antes, ficava em hotéis seis estrelas, jantava em restaurantes com estrela Michelin. Mas agora estou feliz demais!”, conta, aos risos.
Moura passou a fazer um mapeamento das melhores cidades para viver no Brasil e no mundo, analisando qualidade e custo de vida e índices de saúde, além das dicas sobre finanças e como viver de forma saudável. No canal do YouTube “Mais 50”, já acumula mais de 200 mil inscritos, e o trabalho chegou a novo patamar quando passou a dar consultoria para quem quer dar um novo start na vida após a aposentadoria. E é ele quem cuida de tudo: roteiro, gravação e edição, além de responder às dúvidas do público.
“Tirei um peso grande das costas, com as responsabilidades do mundo corporativo e os sapos que temos que engolir, para viver de forma mais simples. Tento transmitir isso para quem pensa que é preciso ser rico para ser feliz e se aposentar. É possível ter uma vida tranquila com pouco”, reflete. O canal já gera renda para complementar a aposentadoria, e Moura tem como meta chegar a um milhão de inscritos na plataforma.
A partir do próximo ano, com o prognóstico do fim da pandemia, o criador pretende viajar o mundo para desenvolver conteúdo e passar seis meses em cada país. Junto a esse plano está o sonho de implementar um projeto de mentoring social para jovens carentes em diferentes nações, propósito que teve início enquanto ainda trabalhava na HP. Moura quer aproveitar o tempo estacionado em cada país e se conectar a uma ONG local para semear ajuda ao redor do mundo. “Me perguntam se me arrependi de deixar o mundo corporativo, o grande salário. Nem um pouco. O que aprendi nesses três anos e meio foi muito mais do que em quatro décadas.”
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