Warren Buffett completa 94 anos nesta sexta-feira, 30 de agosto. No dia do aniversário do megainvestidor, o presente chegou dias antes. Na quarta-feira (28), a Berkshire Hathaway tornou-se a primeira empresa fora do setor de tecnologia a alcançar a marca simbólica de US$ 1 trilhão em valor de mercado. Em 2024, a gestora de ativos registrou um aumento de US$ 225 bilhões (R$ 1,260 trilhão) em seu valor de mercado, conforme cálculos da Elos Ayta Consultoria.
Já a festa de Buffet aconteceu meses antes, em maio, quando a Berkshire Hathaway promoveu a tradicional reunião anual de acionistas. O evento, que o próprio Buffett chama de “Woodstock para capitalistas”, atrai pessoas de várias partes do mundo para acompanhar o guru do mercado financeiro na cidade onde ele cresceu.
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Localizada no meio-oeste americano, Omaha é o maior município do estado de Nebraska. É ali que fica a casa de Buffett – um sobrado relativamente modesto que ele comprou em 1958, onde esteve a vida inteira e segue morando.
A festa
Todo ano dezenas de milhares de pessoas – o equivalente a um quarto da população do estado – lotam a cidade de cerca de meio milhão de habitantes para ouvir o lendário investidor, comanda a tradicional reunião anual de acionistas, cujo epicentro acontece na arena CHI Health Center.
Além disso, várias empresas de Buffet e naqueles em que a Berkshire investe têm estandes no evento, vendendo seus produtos e souvenirs. E isso deixa claro a estratégia vencedora do Buffett: a feira atrai uma multidão e ajuda as empresas a ganharem dinheiro.
Presente nas últimas três edições, William Castro Alves, estrategista-chefe da Avenue, conta que a experiência na pacata cidade ajuda a entender a história de um dos maiores bilionários do mundo. Segundo ele, o megaevento destaca não apenas a persona de Warren Buffett, como também a estratégia da Berkshire Hathaway.
Ele mesmo faz um comparativo: “quando se pensa em um megaevento de uma grande gestora do mercado financeiro, a primeira ideia que vem à mente é um espetáculo com muita pompa em algum lugar paradisíaco, com bilionários chegando de helicóptero ou de rolls-royce a um hotel cinco estrelas”.
Contra Wall Street
Porém, não é nada disso que se encontra em Omaha. Ao contrário, as ruas são ocupadas por vendedores com suas barracas de cachorro-quente, hambúrguer e frango frito. Nas calçadas, visitantes em trajes casuais, que parecem terem sido comprados no Wal-Mart mais próximo, conta o estrategista da Avenue.
Ou seja, é contra tudo o que Wall Street prega. Ou seja, não tem especulação, nem day trade. Quem está ali pensa em investimento de longo prazo.
Aliás, a longevidade é a principal característica tanto do investidor quanto da gestora. Tanto que o retorno médio anualizado da Berkshire é de 20%, ante a uma média anualizada do S&P de pouco mais de 10%.
Colocando isso em números, quem investiu US$ 10 mil em ações da Berkshire Hathaway em 1965, quando o Buffett assumiu, o valor atualizado teria se transformado em cerca de US$ 45 milhões ao longo de seis décadas. Se reduzir o prazo à metade, seria ao menos US$ 1 milhão.
No entanto, é o primeiro aniversário que Buffet celebra sem o amigo de longa data. Charlie Munger, ex-vice-presidente da Berkshire, faleceu em novembro passado. Aliás, o evento deste ano em Omaha também foi o primeiro sem ele.
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Daí porque a comemoração deste ano deve ser ainda mais discreta. Mas é exatamente isso o que Buffet prega: uma vida low profile, frugal e abstêmio, com preferência pelas coisas simples. “A vida de Buffett é fazer dinheiro desde 1965, mas ele não coloca valor nisso”, resume Castro Alves, da Avenue.