A alta do dólar tem sido observada de perto pelo mercado financeiro. Na última quarta-feira (27), a moeda norte-americana atingiu o patamar de R$ 5, pela primeira vez desde junho. Durante um mês, considerando do dia 29 de agosto até sexta-feira da semana passada, a valorização foi de 3,50%, refletindo a percepção de que os juros nos Estados Unidos permanecerão elevados por mais tempo.
Embora a alta seja vista como um fator negativo para alguns setores e grupos, com o exemplo dos turistas, ela pode ser benéfica para alguns setores da Bolsa de Valores.
Veja quais ações podem se beneficiam da alta do dólar
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Ricardo Moraes/Reuters Exportadoras
“Exportadoras podem se beneficiar, pois recebem em dólar e, com a valorização desta moeda, seus rendimentos em reais aumentam”, Anthonio Araujo Jr., CEO da Smart Business.
Exemplos de exportadoras na bolsa:
As empresas de commodities desempenham um papel significativo nas exportações do Brasil, incluindo a Vale (VALE3), Petrobras (PETR4;PETR3) e Usiminas (USIM5).
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Azul/Divulgação -
Getty Images Empresas com receitas em dólar
“Empresas que têm receitas denominadas em dólar, podem ver um aumento no lucro quando a moeda se valoriza em relação ao real”, afirma Felisoni.
Exemplos de empresas com receitas em dólar:
Suzano (SUZB3) – setor: Papel e Celulose
JBS (JBSS3) – setor: Alimentos e Bebidas
CSN Mineração – setor: Energia e Saneamento
Exportadoras
“Exportadoras podem se beneficiar, pois recebem em dólar e, com a valorização desta moeda, seus rendimentos em reais aumentam”, Anthonio Araujo Jr., CEO da Smart Business.
Exemplos de exportadoras na bolsa:
As empresas de commodities desempenham um papel significativo nas exportações do Brasil, incluindo a Vale (VALE3), Petrobras (PETR4;PETR3) e Usiminas (USIM5).
Por que o dólar subiu tanto?
No início desta semana, o presidente do Federal Reserve (Fed) de Chicago, Austan Goolsbee, afirmou que os juros nos EUA provavelmente permanecerão elevados por mais tempo do que o atualmente estimado pelos mercados. Por sua vez, o CEO do JP Morgan, Jamie Dimon, expressou preocupação com a possibilidade de as taxas de juros de referência do Fed atingirem 7%. Os especialistas explicam que a expectativa de elevação de juros da maior economia do mundo e a perspectiva de queda dos juros no Brasil geram uma fuga de capital no país, o que resulta na valorização do dólar.
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Na prática, o Brasil é um dos países com maiores taxas de juros do mundo, com uma taxa de juros reais, que desconta a expectativa de inflação, de 6,65%, ficando atualmente em quarto lugar, perdendo apenas para a Argentina (31,2%), Rússia (7,9%) e México (7,4%), de acordo com o levantamento do Valor Pro. Isso torna o país atrativo para o exterior, uma vez que o risco de investimentos na Argentina é alto e a Rússia está em guerra. No entanto, as perspectivas futuras são de queda, já que o Boletim Focus projeta que a taxa Selic passe dos atuais 12,75% ao ano (a.a.) para 11,75 a.a.
Em contrapartida, a perspectiva para a taxa dos EUA, atualmente de 5,25% a 5,50%, é de aumento no futuro próximo. “Os investidores estrangeiros acabam retirando os seus recursos do Brasil, uma vez que a renda fixa americana, os ativos mais seguros do mundo, tem uma perspectiva de alta. Portanto, ocorre a fuga do dólar do Brasil, o que ocasiona a valorização”, diz Thiago Avallone, especialista em câmbio da Manchester Investimentos.
Outros fatores também estão intrínsecos à alta do dólar, como a incerteza fiscal no Brasil e a tendência de aumento das taxas de juros em várias partes do mundo, como resposta à preocupação com os efeitos inflacionários causados pelos impactos econômicos da pandemia. Além disso, as perspectivas de crescimento econômico global não são tão otimistas, o que sugere um crescimento mais lento. Isso pode resultar em um menor volume de dólares circulando globalmente.