O agronegócio brasileiro atravessou o ano de 2024 como protagonista no cenário global, consolidando sua relevância econômica e geopolítica. Embora com muitos desafios, como as enchentes no Rio Grande do Sul e seca em boa parte das regiões centrais do país, uma combinação de avanços tecnológicos, acordos comerciais e muita disposição para superar os desafios, o setor mostrou resiliência e capacidade de adaptação.
Em um período marcado por intensas negociações internacionais, recordes de produção e transformações regulatórias, o agro reafirmou sua posição estratégica para o Brasil e para o mundo.
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Apresentamos 10 fatos marcantes do setor em 2024, mostrando sua importância para os dias atuais e para um futuro mais sustentável, do ponto de vista econômico e social. Confira:
1 – Recorde no PIB do Agro
O Produto Interno Bruto do Agro (PIB Agro), deve fechar o ano de 2024 em R$ 2,72 trilhões, um aumento de 2% em relação a 2023. O PIB Agro é uma medida que engloba todo o agronegócio, dentro e fora da porteira. Considera também as evoluções de volume (quantidade produzida) e de preços reais (descontada a inflação), segundo a Confederação Nacional da Agropecuária (CNA), em parceria com o Cepea/USP. A estimativa para 2025 é de um crescimento de até 5%.
2 – Recorde nas Exportações de Carne
O Brasil exportou, entre janeiro e novembro, 8,9 milhões de toneladas de carnes bovina, suína e de aves, por US$ 23,9 bilhões. Em todo o ano de 2023, as exportações foram de 8,8 milhões de toneladas, por US$ 23,5 bilhões. A China permanece como o principal destino das carnes brasileiras. Desde o início do ano ano foram embarcadas 1,9 milhão de toneladas por US$ 7 bilhões.
3 – Consumo de Ovos é o Maior da História
O consumo per capita de ovos no Brasil deve aumentar 11,2%, chegando a 269 unidades em 2024, de acordo com a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA). A produção do ano deve ficar em 57,6 bilhões de unidades, ante 52,4 bilhões de unidades em 2023. Para 2025, o setor projeta produção de 59 bilhões de unidades (+2,4%), com consumo per capita de até 272 unidades (+1,1%). O aumento de consumo da proteína animal mais barata mostra o acesso possível de alimentos a todas as camadas da população.
4 – Acordo Mercosul-União Europeia
Depois de anos de discussão, o acordo comercial entre Mercosul e União Europeia finalmente foi concluído em 6 de dezembro de 2024, faltando agora as assinaturas. A UE se comprometeu a isentar 82% das importações agrícolas vindas dos países do Mercosul, além de oferecer acesso preferencial com tarifas reduzidas para 97% dos produtos. Suco de laranja, frutas, café solúvel, peixes, crustáceos e óleos vegetais podem ficar livres de taxas. Carnes bovina, suína e de aves, além de produtos como açúcar, etanol, arroz, ovos e mel também poderão ter vantagens na exportação.
5 – Lei do Combustível do Futuro
A Lei do Combustível do Futuro cria programas nacionais de diesel verde, de combustível sustentável para aviação e de biometano. O objetivo é substituir os combustíveis fósseis no transporte terrestre, marítimo e aéreo, sendo considerado o maior programa de descarbonização da matriz de transportes e mobilidade do planeta. Ela também prevê a integração políticas públicas, como a Política Nacional de Biocombustíveis (RenovaBio), o Programa de Mobilidade Verde (Mover) e o Programa de Controle da Poluição do Ar por Veículos (Proconve).
6 – Agro em pauta no G20
O agro foi uma pauta bastante presente nas discussões da Cúpula do G20, que reuniu 55 delegações de 40 países e 15 organismos internacionais das maiores economias do mundo para discutir e coordenar políticas econômicas globais. Como presidente do grupo, o Brasil lançou a Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, com 148 membros fundadores, tendo por objetivo de erradicar a fome e a pobreza, reduzir desigualdades e contribuir para parcerias globais para o desenvolvimento sustentável. O Brasil se comprometeu a financiar metade dos custos do Mecanismo de Apoio até 2030, com contribuições adicionais de países como Bangladesh, Alemanha, Noruega, Portugal e Espanha.
7 – Aprovação da lei que regula o mercado de carbono
Foi criado o Sistema Brasileiro de Comércio de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SBCE), dividindo o mercado de crédito de carbono em dois setores: um regulado, envolvendo instituições do poder público; e o outro, voluntário, voltado para a iniciativa privada e com regras mais flexíveis. A implementação de um mercado de carbono é uma importante ferramenta para o Brasil atingir suas metas de redução de emissões de gases de efeito estufa (GEE) estabelecidas na sua Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC) no âmbito do Acordo de Paris. Por ora, o setor do agro ficou de fora do mercado regulado, por falta de uma metodologia consolidada para a aferição de suas emissões, mas está presente no voluntário.
8 – Abertura de novos mercados
Em 2024, o Brasil alcançou um marco significativo na expansão de mercados para produtos agropecuários. No ano, foram 221 novos mercados para produtos como carnes, grãos, ovos, mas também para inusitados, como açaí em pó, por exemplo. Para comparação, em 2019 foram abertos 35 mercados, em 2020 foram 74 mercados, em 2021 foram 77 mercados, em 2022 mais 53 mercados e em 2023 vieram outros 78 aberturas.
9 – O Ano dos Fiagros
O patrimônio líquido dos Fiagros (Fundos de Investimento em Cadeias Agroindustriais) mais que dobrou nos últimos doze meses encerrados em outubro, atingindo R$ 40,9 bilhões. Avançou 127% no período, segundo dados mais recentes da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (ANBIMA). O crescimento ocorre mesmo em meio a um cenário turbulento para o agronegócio brasileiro, marcado por dificuldades financeiras de algumas empresas do segmento. No acumulado do ano, o volume de emissões totaliza R$ 3,1 bilhões. A indústria de Fiagros contava, em outubro, com 853 mil contas e 117 classes de investimento.
10 – Rastreabilidade bovina
Depois de 20 anos de esperas, tratativas e recuos, foi criado o Plano Nacional de Identificação Individual de Bovinos e Búfalos (PNIB), que pretende qualificar a rastreabilidade desses animais por meio da implementação de um sistema de identificação individual. Os produtores terão dois anos (2025 e 2026) para se adaptar às novas regras. A partir de 2027, será obrigatória a adesão ao plano para todos os pecuaristas.