A zona portuária do Rio de Janeiro, que tem como limites as avenidas Presidente Vargas, Rodrigues Alves, Rio Branco e Francisco Bicalho, foi, no passado, uma importante referência para os cariocas. Abandonada por décadas, a área volta a fazer parte da história da cidade, com o projeto de revitalização do Porto Maravilha. O local será reestruturado e os espaços públicos serão ampliados e requalificados. No total, a área estratégica corresponde a 5 milhões de m².
Diversos conceitos de mobilidade estão sendo implementados para alterar a situação atual de engarrafamentos nas principais vias de acesso ao Centro. Alberto Silva, presidente da Companhia de Desenvolvimento Urbano da Região do Porto do Rio de Janeiro (Cdurp), garante que o sistema novo ampliará a capacidade de tráfego em 27%. “Com 6.847 metros de extensão, a Via Expressa substitui o elevado, levando os veículos da Avenida Rodrigues Alves à entrada do Aterro do Flamengo nos dois sentidos, sem saídas intermediárias. Isso ajudará as pessoas a atravessarem a região, sem entrar nela”, explica Alberto. O modelo também privilegia o transporte público coletivo, valoriza a ideia de morar perto do trabalho, cria mais espaços para pedestres e integra os meios de locomoção na área.
Antigamente, a região era bastante conhecida por sua vocação cultural. Essa característica será resgatada com novas instalações, como o Museu de Arte do Rio, já concluído, e o Museu do Amanhã, um espaço dedicado às ciências, onde os visitantes poderão ver como será a vida em 50 anos. Além de obras já existentes, mas que foram recuperadas, como o Cais do Valongo – maior porto de chegada de africanos escravizados do mundo, que, em 2012, foi transformado em memorial a céu aberto na Avenida Barão de Tefé – e o Centro Cultural José Bonifácio.
Também estão nos planos novos hotéis e edifícios. A construtora Kallas, por exemplo, que tem 30 anos de história e mais de 900 edifícios entregues, investirá cerca de R$ 100 milhões na construção de um hotel, previsto para 2015. Além de construir, a incorporadora planeja ficar como proprietária do empreendimento. “Por ser um projeto diferenciado e devido à escassez de hotéis no Centro do Rio, não temos planos de colocar à venda”, afirma Emílio Kallas, presidente da companhia. A área total corresponde a 1.590 m² e serão 225 quartos e quatro lojas no piso térreo.
Outra novidade será a instalação de uma nova sede brasileira da marca L’Oréal, uma das líderes entre as empresas de beleza. Com mais de 20 mil m² de área edificada, 22 andares e capacidade para 1.500 pessoas, a unidade vai atender às melhores práticas em sustentabilidade, conforto e saúde, tornando-se inspiração para projetos do futuro.
Com os investimentos para estimular o empreendedorismo focados nos pequenos e grandes negócios, na qualificação e estímulo à mobilização social, projeta-se o aumento de 32 mil habitantes para 100 mil até 2020. “Criamos o Porto Maravilha Cidadão para impulsionar esse desenvolvimento com iniciativas para manter os atuais moradores, apoiá-los para que possam crescer com as mudanças na região e atrair novos”, declara o presidente do Cdurp.
Trocando em miúdos: a cidade do Rio trocou um elevado degradado e vários armazéns sem uso por uma nova configuração urbana, com foco na sustentabilidade ambiental e socioeconômica da região. O Porto Maravilha voltará a ser, merecidamente, um ponto turístico imperdível da capital fluminense e uma alternativa para quem já conhece os populares Cristo Redentor e Pão de Açúcar.