Quando a Apple apresentou o iPad Pro, mostrou um tablet maior e mais rápido, com uma série de melhorias. Do tamanho da tela à ferramenta com caneta stylus Apple Pencil, tudo no novo modelo aponta para algo maior: a tecnológica finalmente lançou um produto mobile voltado ao uso profissional. Agora, ela pode acabar dominando este recente mercado nos próximos anos.
“Esta é a maior novidade para iPads desde o iPad”, afirmou o CEO Tim Cook ao apresentar o Pro, no evento anual da marca, realizado nesta quarta-feira (9). Com tela de 12,9 polegadas, 5,6 milhões de pixels de resolução e 10 horas de bateria, a empresa afirma que o modelo tem gráficos duas vezes mais rápidos do que o anterior e capacidade de processamento 1,8 mais rápida. O produto estará disponível à venda em novembro, inclusive com a canetinha stylus Pencil, que parece levar de volta à era dos palms. Tudo isso coloca o modelo na área de mobile profissional.
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O histórico da Apple sempre foi produzir tablets pequenos e difíceis de usar, sem teclado ou caneta stylus para ajudar no uso profissional e por empresas. Isso não impediu que muitos representantes, executivos e vendedores adotassem o produto a partir de 2012, afirma Jason Lemkin, investidor que vendeu a startup EchoSign para a Adobe em 2011 e, hoje, investe em novas empresas pela Storm Ventures.
Para Lemkin, o Pro é o que profissionais veteranos esperavam da Apple. “Ninguém que esteja fazendo negócios vai ficar chocado”, explica. “Nós finalmente temos hoje o que teríamos amado conseguir em 2011 ou 2012. A área de tecnologia para empresas está sempre três ou quatro anos atrás da de consumo, esta é uma prova disso.”
Para acompanhar a tendência do iPad no mundo corporativo, Apple e seus concorrentes devem olhar para as vendas globais. Geralmente um produto para consumo diverso, a venda de iPads têm caído nos últimos meses em relação a 2014. No último trimestre, a empresa divulgou a venda de 10,9 milhões de unidades, queda de 13% em relação ao trimestre anterior e de 18% em relação ao mesmo período do ano passado, época em que diversos smartphones maiores, considerados um híbrido com tablets (e até chamados de “phablets”), como o iPhone 6+, foram lançados.
Mas, enquanto a demanda por iPads atingiu uma estabilidade, com ciclos de substituição mais demorados, a demanda por tablets em empresas, especialmente os da Apple, tem crescido. A porcentagem de tablets usados para negócios deverá crescer de 14% em 2015 para 20% em 2018, segundo dados de um estudo feito pela empresa de pesquisa Forrester. Mais da metade dos trabalhadores entrevistados disse já usar tablets pelo menos uma vez por semana para trabalho, muitos deles em aparelhos próprios já que algumas empresas ainda não adotaram os dispositivos.
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Naturalmente, o Pro poderia apelar para trabalhadores de campo que valorizam aparelhos mobile, mas precisam de telas maiores para atividades como conduzir um treinamento corporativo, afirma J.P. Gownder, analista da Forrest que escreveu o relatório sobre os dispositivos. O Apple Pencil pode ainda aumentar o interesse para outros usos, como design e escrita em línguas asiáticas. O especialista lembra, no entanto, que Microsoft e Samsung já oferecem modelos com canetas stylus. Além disso, o iPad não serve para empresas que não têm aplicativos iOS.
O preço nos Estados Unidos é de US$ 799 para o modelo mais barato de 32 GB, com um adicional de US$ 99 para o Pencil e mais US$ 169 para o teclado. Isso poderia tornar o Pro um potencial substituto do laptop para quem usa-o profissionalmente, explica Lemkin. “As empresas costumam dar dois dispositivos para seus funcionários trabalharem fora. Em 12 , 18 meses, todos podem trocá-los por um Pro.”
Os concorrentes ficaram de olho nos anúncios da tecnológica nesta tarde. A Microsoft, que já oferece algumas das ferramentas do Pro nos seus Surface e Surface Pro, um híbrido com laptop, foi uma convidada surpresa no palco do evento. O Kirk Koenigsbauer, executivo do Microsoft Office, mostrou a facilidade do uso nos programas como Word, Excel e PowerPoint. Adobe, Cisco e IBM também foram chamados por Cook e anunciaram parcerias com a Apple para os próximos meses.
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Ser a líder dos tablets para uso profissional, no entanto, pode não ser o bastante. Durante o evento, o executivo Philip Schiller apontou que o Pro supera a performance de 80% de todos os laptops produzidos ao redor do mundo nos últimos 12 meses.
“Se você tem uma startup voltado para o mobile profissional, deveria apostar no iOS agora”, aconselha Lemkin.