Quando uma mulher vê a outra usando um batom muito bonito ou admira uma coloração utilizada no cabelo, ela não se intimida em perguntar a marca, a tonalidade e o preço. Já o homem, nem mesmo diante do melhor amigo, questiona. Ele geralmente vai para a internet fazer uma pesquisa. Pelo menos, é isso que garantem Lucas Amoroso Lima e Pedro Prellwit, colegas dos tempos de graduação na FGV e fundadores do Men’s Market, o primeiro comércio eletrônico brasileiro dedicado aos cuidados pessoais masculinos.
No ar desde outubro de 2012, o site tem por volta de 3.000 produtos à venda de cerca de 100 marcas. Os best-sellers são os itens voltados para os cabelos: cera, pomada, gel, modelador, xampu (de antiqueda a grisalhos) e condicionador de marcas importadas como Keune, Paul Mitchell, L’anza e John Frieda.
Mas a loja virtual não se resume a isso. Em suas vitrines, há também produtos para barbear, perfume, desodorante, hidratante, creme redutor para a região da barriga, acessórios (como carteiras, pulseiras, gorros e cachecóis), roupas e tênis. Até hoje, o e-commerce já recebeu R$ 14 milhões em aportes de investidores-anjos e fundos internacionais. Em fase de expansão, a empresa deve encerrar o ano com faturamento de R$ 25 milhões, três vezes mais que os R$ 8 milhões atingidos em 2014.
Seu tíquete médio gira em torno de R$ 160 e o público tem por volta de 30 anos. Os usuários, claro, têm idades variadas. Há desde meninos de 13 anos que usam o cartão de crédito da mãe para comprar pulseiras até o cliente mais velho, seu Joaquim, de 95 anos, que, ao invés de fazer o pedido pela internet, prefere telefonar todo mês do Acre para São Paulo só para encomendar uma lâmina de Gillette Mach 3. Ele faz isso religiosamente há um ano e meio.
Esses compradores fazem parte do universo de 600 mil visitantes únicos que geram 1,5 milhão de acessos ao Men’s Market por mês, um número ainda baixo se comparado ao tráfego registrado mensalmente pelo Netshoes e pela Dafiti, que recebem pelo menos seis vezes mais acesso. “Estamos em fase de expansão. Nosso objetivo é de longo prazo e, por isso, nosso foco agora não é lucro, mas crescimento. Nos próximos três anos, devemos partir para mais duas ou três rodadas de investimento e receber novos sócios. Queremos atender todos os homens brasileiros (ou metade da população, o equivalente a 100 milhões de pessoas)”, promete Lima.
O crescimento do negócio está diretamente conectado ao aumento do interesse dos homens com a aparência. “Na Europa e, em especial, na França, o mercado de cosméticos para o público masculino é enorme. Na Coreia do Sul, os homens usam maquiagem (caso de base e pó transparente) há pelo menos dez anos. Aqui no Brasil, ainda há muito por fazer”, observa Prellwit.
Para aumentar sua base de usuários, o Men’s Market está investindo na ampliação do portfólio de produtos. “Estamos capitalizados e mantendo o pé no acelerador para crescer”, diz Lima. O interior do Brasil, conta, cresce mais que as capitais.
A expansão do negócio digital só esbarra em dois mitos: a percepção de que o Men’s Market é um ambiente de compras voltado para os mais abastados ou exclusivamente ao público gay. Esses dois perfis fazem parte dos compradores do site, mas os fundadores lembram que o intuito é ser inclusivo e não restritivo. Daí a oferta de frete grátis para todo o país a partir de compras de R$ 99, do parcelamento em seis vezes sem juros e do atendimento telefônico. “No final do dia, acabamos fazendo o papel da amiga que dá conselhos sobre qual produto comprar e usar”, garante Lima, cujo site oferece serviço de consultoria.