É na região de Cognac que vive o master distiller francês Gilles Merlet, da quarta geração da família produtora de conhaques desde 1850 e uma das principais fornecedoras da Hennessy por 100 anos (de 1902 a 2002). O desejo de ter uma marca própria, no entanto, falou mais alto, pondo fim ao contrato de exclusividade com a gigante francesa do universo das bebidas e dando início ao conhaque da marca Merlet. No ano passado, a maison faturou € 22 milhões a partir da venda de seus produtos para cerca de 20 países. Metade desse valor veio do conhaque e a outra parte, dos cremes e licores premium, um negócio criado em 1983 e hoje mundialmente premiado com medalhas como a Médaille D’or Paris 2014, para a versão de pera.
Desconhecida da maioria dos brasileiros, a marca acaba de desembarcar no país, de olho no avanço da alta coquetelaria que tem invadido com mais frequência os bares, hotéis e restaurantes das grandes capitais. Importada com exclusividade pela Mr. Man, a Merlet passa a ser oferecida inicialmente em cinco produtos (três cremes, com maior quantidade de açúcar, e dois licores): Crème de Cassis, Crème de Pêche, Crème de Framboise, Lune d’Abricot e Merlet C² Café. Este último (R$ 334) é feito a partir da infusão de cafés brasileiros 100% arábica e blend de conhaque, com 33% de teor alcoólico e um sabor que remete a café torrado, especiarias e baunilha.
Uma das criações mais antigas e famosas da maison, o creme de cassis (preço sugerido de R$ 222) tem seu fruto cultivado na propriedade da Merlet em Saint-Sauvant, na região de Poitou-Charentes, no sudoeste da França. Com 20% de teor alcoólico, ele é bem concentrado e tem aromas silvestres de cassis, notas de tabaco, hortelã, pimenta e especiarias.
A marca ainda produz licores e cremes de framboesa, morango, amora preta, pêssego, pera, melão, laranja e frutas cítricas e também os chamados Cognac Liqueurs, que combinam licor e conhaque. Os maiores compradores dessas garrafas são, na ordem, a Inglaterra, os Estados Unidos e a Rússia. Agora, a empresa começa a desbravar a Ásia e o Brasil.
“A cena de mixologia brasileira tem crescido consideravelmente nos últimos cinco anos. Além de muitos bares que servem bons coquetéis, o país tem um tesouro de ingredientes, com frutos de qualidade e uma diversidade incrível. É possível combinar esses ingredientes frescos com diferentes destilados, em possibilidades infinitas de criações”, diz Merlet.
Para o presidente e herdeiro da marca, ser novato no país não significa ser inexperiente. Merlet conhece bem o Brasil. Ele vem três vezes ao ano para cá e não é para fazer turismo. O francês detém uma destilaria em Patos de Minas (MG), onde é produzida a cachaça premium Leblon, cuja sede está estabelecida em Nova York e da qual era um dos acionistas. Há alguns dias, a Bacardi adquiriu integralmente a Leblon, vendida hoje em 35 países e mais forte no