A Arábia Saudita gastou, estima-se, cerca de US$ 100 bilhões em suas reservas estrangeiras até o momento para bancar sua guerra contra o óleo de xisto norte-americano e outros produtores de petróleo a baixo custo. Há um ano, o país decidiu não cortar sua produção para dar apoio aos preços do petróleo, o que fez com que os valores dos tipos Brent Crude e do West Texas Intermediate caíssem para US$ 50 o barril. No entanto, o país precisará gastar muito ainda para vencer esta batalha.
VEJA TAMBÉM: 15 maiores companhias de petróleo do mundo em 2015
Há sinais de que o Estado árabe planeja dobrar sua estratégia por meio de dívidas. Segundo o jornal Financial Times, a Arábia Saudita pretende fazer empréstimos no fundos no mercado internacional de títulos para proteger sua porção do mercado de petróleo mundial e tornar a produção americana de xisto inviável. A nação precisa do dinheiro para manter sua cara proposta de manter os preços em face a crescentes déficits de orçamento, resultado da rápida diminuição das receitas obtidas com o petróleo. Além disso, o país passa por profundo estresse financeiro por causa de sua custosa intervenção militar no Iêmen.
Em certo sentido, a Arábia Saudita está seguindo os passos dos produtores de xisto dos Estados Unidos, que se tornaram a força mais poderosa do mercado global de petróleo ao financiar uma grande expansão com crédito a baixo custo. O russo Igor Sechin, presidente da área de petróleo da gigante Rosneft e um dos homens mais poderosos do mundo, disse recentemente que o produto norte-americano de xisto passou a controlar o mercado de petróleo mundial apoiado por US$ 150 bilhões em dívidas.
RANKING: 50 pessoas mais poderosas do mundo em 2015
Até agora, a Arábia Saudita tem apenas pequenas vitórias para contar em uma grande guerra. Plataformas de petróleo em operação nos Estados Unidos viram sua produção cair para 771 barris por dia de um pico de 1.925, de acordo com dados da Baker Hughes. Houve cerca de 20 falências de empresas de petróleo no país, mas a maior parte de empresas pequenas. A produção norte-americana de petróleo teve queda de cerca de 500.000 barris por dia, mas o país ainda tem produção crescente: 9,1 milhões de barris/dia. Há três anos, a produção diária era de 6,8 milhões de barris.
Na superfície, tudo indica que os preços do petróleo vão se manter inferiores por mais tempo. A Arábia Saudita está bombeando mais óleo por dia do que nunca, e está levando sua batalha a produtores fora da Organização de Países Exportadores de Petróleo (OPEP), como a Rússia, exportando produtos com preços ainda mais baixos para refinarias em países como a Polônia. A economia da Rússia não vai bem, mas o país continua a produzir 10,78 milhões de barris por dia, mais petróleo do que em qualquer período após a União Soviética. Além disso, o Irã exportará ainda mais petróleo para mercados internacionais no ano que vem.
O ministro do petróleo da Arábia Saudita Ali al-Naimi e o novo Rei Salman indicam que não irão recuar. Segundo o Financial Times, a Arábia Saudita poderia aumentar os níveis de dívida para até 50% de seu produto interno bruto (PIB) em cinco anos, diferente dos níveis extremamente baixos de hoje. Para o xisto dos Estados Unidos, os mercados de dívida permaneceram robustos e as leis de falências corporativas norte-americanas significam que mesmo as empresas que faliram podem ser recolhidas por investidores angustiados esperando com muito dinheiro, prontos para reativar as coisas novamente se os preços do produto subirem. A Arábia Saudita terá de provar que pode ser igualmente ágil com uma dívida nas costas.