Dizem que as pessoas poderiam ser como os cristais — puras, transparentes e claras. A paixão do homem por essas características transformou a austríaca Swarovski em uma das marcas de cristais mais famosas e acessíveis do mundo, um negócio que teve início em 1895 pelas mãos de seu fundador, Daniel Swarovski, mestre na lapidação e inventor de uma revolucionária máquina de corte elétrica que foi utilizada na produção de vidro de cristal. Com presença global e grande proximidade com o mundo da moda, a marca tem no Brasil, quem diria, um de seus mercados-chave. E a mulher por trás desse desenvolvimento é a paulistana Carla Assumpção, 47 anos, diretora-geral da divisão de varejo da Swarovski. “Nenhum país tem um poder de marca tão forte para a Swarovski quanto o Brasil, a China e o México”, revela.
Quando ela assumiu o negócio, há cerca de quatro anos, o país tinha 14 lojas monomarca. Até dezembro, serão 53 em operação, além da presença em 100 multimarcas. Sua meta é elevar a receita das vendas do varejo em 23% neste ano, após promover um crescimento de 28% em 2014. “Não somos uma empresa de luxo nem de commodities. Vendemos um produto premium a um preço acessível”, define a executiva, que hoje gerencia um catálogo com cerca de 3 mil produtos. Dentre eles, há desde de canetas por R$ 149 até acessórios como brincos por R$ 220 e pulseiras a partir de R$ 319, incluindo peças de decoração feitas sob encomenda a R$ 60 mil.
O carro-chefe da fabricante é a linha Stardust, composta por coloridas pulseiras e colares, sempre atreladas às tendências de moda. E moda associada aos negócios é algo que acompanha Carla desde antes de sua chegada, 16 anos atrás, à Swarovski. Antes de voltar a viver no Brasil, a executiva morou cinco anos na Califórnia, onde fez pós-graduação em administração e cuidou da distribuição da marca brasileira de beachwear Poko Pano na Costa Oeste dos Estados Unidos.
Formada em publicidade, a executiva desenvolveu sua carreira na área de marketing da divisão B2B da Swarovski – aquela que atende outras indústrias como a têxtil, de acessórios, decoração, brindes e beleza. Quando foi convidada a assumir a divisão de varejo, a marca tinha um projeto audacioso de levar o nome a mais pontos de contato com o consumidor. A meta é ter sua marca presente em 210 pontos de venda até 2017 (60 monomarcas e 150 multimarcas), fato que deverá ocorrer com a ajuda da venda dos relógios femininos da grife, importados da Suíça e com preço médio de R$ 1,2 mil. “Em três anos, nosso plano é levar nossos relógios para 300 pontos de venda multimarcas. Vemos um grande potencial para essa categoria de produtos”, aposta.
Mãe de uma menina de 10 anos, Carla se considera uma profissional disciplinada. Três vezes por semana, pontualmente às 6h30, ela pratica ioga, atividade que a ajuda a recarregar a bateria para trabalhar até dez horas por dia. Como líder, diz que é importante ser acessível a próxima à equipe. “Sei agir com ternura e, quando precisar, endureço. Mas sem perder a ternura.”