A indústria química do Brasil cresceu significativamente nos últimos 15 anos, mas uma parcela importante do crescimento é devido às importações, uma tendência alarmante para as empresas químicas e as que dependem delas.
Antes de 2007, o déficit comercial do setor variou de US$ 6 para US$ 9 bilhões, mas em 2014, ele subiu para US$ 31,2 bilhões. Dois fatores principais contribuíram para esse aumento. Em primeiro lugar, o consumo interno cresceu mais do que a produção, o aumento da renda estimulou o consumo de produtos químicos, que superou a capacidade de produção local. Em segundo, a importação de produtos químicos de alto valor cresceu mais do que as exportações, em parte porque as empresas brasileiras estão melhor posicionadas para produzir commodities químicas de menor valor.
Se nada for feito, esta tendência pode ameaçar a sustentabilidade da indústria química do Brasil. O aumento das importações dos produtos finais, muitas vezes está relacionado com a diminuição da produção interna de produtos químicos utilizados para produzir, por exemplo, pneus e brinquedos.
Outros mercados em desenvolvimento têm experimentado graves déficits comerciais semelhantes na indústria de produtos químicos.O México tem visto o aumento das importações líquidas ir de US$ 7 bilhões no início da década de 2000 para quase US$ 20 bilhões em 2013. Em 14 segmentos químicos relevantes da Índia, as importações líquidas de 2014 totalizaram 7,9 milhões de toneladas, o que corresponde a aproximadamente 18% do consumo aparente e um aumento de 67% em comparação com as importações de 2010.
Retardar e até mesmo inverter esta tendência vai exigir que os produtores químicos diversifiquem e enfatizem os produtos de maior valor agregado. Além disso, será necessário desenvolver novas tecnologias.
Vários segmentos químicos oferecem uma oportunidade para as empresas brasileiras de desempenharem um papel maior no mercado global. Outros segmentos nos quais o Brasil já é competitivo poderiam florescer com mais investimentos em novas tecnologias. Bain & Company, empresa de consultoria, estima que essas oportunidades podem gerar de US$ 33 a US$ 47 bilhões até 2030, e poderia reduzir o déficit comercial de US$ 22 a US$ 38 bilhões por ano. Os segmentos com maior potencial poderiam gerar até 19 mil novos empregos durante o mesmo período.
A indústria química brasileira conta com fortes vantagens como uma grande demanda local e matéria prima disponível.
Veja na galeria de fotos essas e outras vantagens:
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Forte demanda local
Isso se aplica a produtos agroquímicos, químicos para a exploração e produção de gás e de petróleo, e cosméticos. Por exemplo, mais de metade dos agrotóxicos são importados para o Brasil porque o registro de novos produtos agrotóxicos pode levar anos, particularmente para produtos que serão produzidos localmente. Melhorias neste processo poderiam destravar investimentos significativos na capacidade local, beneficiando o setor de agronegócio com uma indústria local capaz de fornecer produtos de forma mais rápida e barata.
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Matéria-prima disponível
Onde existem matérias-primas locais, que podem agregar valor às commodities, os produtores procuram exportar esses produtos químicos de maior valor. Esses segmentos incluem derivados de celulose, que são usados para produzir tabaco e cosméticos; aditivos alimentares para animais; e aromas e fragrâncias. Neste último setor, as empresas têm dificuldade de acesso a biodiversidade local devido a restrições regulamentares existentes.
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Matéria-prima e competitividade
A produção de produtos químicos poderia ser maior e mais competitiva se houvesse melhor acesso a matérias-primas e encorajamento de novos investimentos nas produções locais. Produtos petroquímicos, por exemplo, utilizam as reservas do pré-sal de hidrocarbonetos. Os óleos químicos utilizam as gorduras e outros materiais feitos a partir de plantas e animais.
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Matéria-prima e a tecnologia emergente
O mercado para produtos químicos produzidos a partir de fontes renováveis poderia representar até 10% da indústria química do Brasil até 2020, desde que seja investido cerca de US$ 20 bilhões em novas tecnologias, produtos e processos.
Forte demanda local
Isso se aplica a produtos agroquímicos, químicos para a exploração e produção de gás e de petróleo, e cosméticos. Por exemplo, mais de metade dos agrotóxicos são importados para o Brasil porque o registro de novos produtos agrotóxicos pode levar anos, particularmente para produtos que serão produzidos localmente. Melhorias neste processo poderiam destravar investimentos significativos na capacidade local, beneficiando o setor de agronegócio com uma indústria local capaz de fornecer produtos de forma mais rápida e barata.