Esqueça o que você sabe sobre papel higiênico. O produto, indispensável no dia-a-dia das pessoas, ganhou status de item de colecionador, graças à fabricante portuguesa Renova. A companhia deu ares coloridos ao que normalmente é apresentado ao consumidor como simples rolos brancos. O resultado é um artigo de higiene íntima que conquistou inúmeros países, grandes artistas mundiais, como Beyoncé e Simon Cowell, e hoje rende uma receita anual superior a €130 milhões.
Em 2005, 10 anos depois de assumir o cargo mais alto da empresa, Paulo Pereira Silva, 54 anos, assistindo a um espetáculo do Cirque Du Soleil, em Las Vegas, viu um número com tecidos negros e teve a ideia de lançar uma versão do papel higiênico que fabricava na cor preta. Com o sucesso, vieram versões em outras cores. Até a embalagem é diferenciada. em Portugal, um pacote com nove rolos de papéis higiênicos brancos custa por volta de € 3. Os coloridos da Renova, €7.
“Preto pode parecer absurdo, mas é preciso pensar: por que não? Era preciso modificar a relação que se tem com um produto tão presente na vida de todos. E o preto fez isso”, conta o CEO à FORBES Brasil. “O papel higiênico não precisa ser um tabu complexo, pode ser alegre e até mesmo transformado em objeto de decoração.”
Formado em física quântica, Silva diz nunca ter imaginado atuar na área industrial, mas que resolveu arriscar. “Sempre pensei que fosse seguir a carreira acadêmica. Hoje, não mais. Agora enfrento cada dia como se tivesse de aprender tudo de novo. Faço o máximo para não me acomodar e, em todos os sentidos, inovar.”
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Depois de presenciar o dia-a-dia da produção dos papeis Renova por 19 anos, Silva assumiu a posição de CEO da marca e aplicou métodos menos tradicionais, principalmente na área comercial, até então por ele desconhecida. “Era preciso proporcionar experiências sensoriais aos nossos clientes. Hoje, a Renova tem uma excelente proximidade com o público. Diariamente, recebemos dicas e sugestões por meio do Facebook. E isso é essencial”, explica.
A marca está presente hoje em mais de 60 países e, pela primeira vez, prepara-se para inaugurar uma fábrica longe de sua origem. Em cerca de 20 dias, as 100.000 toneladas de papel produzidas ganharão o reforço de uma linha industrial na França. Para facilitar a distribuição para grandes clientes como a Bélgica, a Renova decidiu apostar em um local de mão de obra não tão barata, mas de tradição e renome.
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No comando de 600 funcionários, o CEO diz agora estudar novos espaços do lado de cá do Oceano Atlântico: Colômbia, México e Guatemala são mercados na mira do papel higiênico mais famoso do mundo. Já o Brasil, pelas enormes tarifas alfandegárias, não faz parte do roteiro português.