Stephanie Lampkin aprendeu a codificar aos 13 anos. Aos 15, era uma desenvolvedora web completa, fluente nas linguagens de programação de computadores. Ela tem um diploma de engenharia de Stanford e um MBA no MIT.
Ainda assim, ela se lembra de ter de participar de oito rodadas de entrevistas em busca de um emprego em uma conhecida empresa de tecnologia do Vale do Silício, apenas para ouvir que seu histórico não era “técnico o bastante” para um cargo em engenharia de software.
“O recrutador me disse que uma vaga em vendas ou marketing poderia abrir”, disse ela. Ela acabou indo para a Microsoft, onde passou cinco anos em um cargo técnico. Ainda assim, ela pensa naquela rejeição anterior e considera se o fato de ser uma mulher afro-americana prejudicou suas chances.
Neste mês, Stephanie irá lançar uma ferramenta de empregos que pretende remover este tipo de dúvida no setor de recrutamento de tecnologia.
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Seu app, o Blendoor, permite que pessoas que buscam empregos carreguem currículos e, em seguida, esconde o nome e a foto do candidato dos empregadores. A ideia, disse Stephanie, é evitar o preconceito inconsciente ao remover o gênero e a etnia.
Ao longo de sua pesquisa, Stephanie encontrou um estudo da “National Bureau of Economic Research” que mostrava que um nome que “soa como o de uma pessoa branca” (Emily ou Greg, por exemplo), pode resultar na mesma quantidade de retornos de recrutadores quanto oito anos de experiência adicionais para alguém com um nome que “soa como o de uma pessoa afro-americana” (Lakisha ou Jamal, no experimento).
“É quantificável”, disse Stephanie. “Nós percebemos que esconder nomes e fotos criava um ambiente mais seguro. Mulheres e negros se sentiram melhor ao compartilhar suas informações.”
O Blendoor será lançado no dia 11 de março no SXSW, festival digital para teste beta ao público. Até agora, Stephanie recebeu adesões de 19 grandes empresas de tecnologia. Ela pretende ter 50 no app em um futuro próximo. Ela não procurou nenhuma empresa que já não tivesse inciativas de diversidade. A Intel, por exemplo, com seu comprometimento de US$ 300 milhões com a diversidade, foi uma escolha natural. Assim como a Google, que colocou US$ 150 milhões para expandir seu universo de talentos. O Facebook e a Apple também estão lá.
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“Minha empresa se identifica mais com homens brancos quando eu me posiciono como ‘ei, eu quero te ajudar a encontrar o melhor talento. Seu inconsciente não é racista, sexista – é totalmente natural, e nós estamos tentando te ajudar a evitar isso.’”
Stephanie espera que mulheres, negros, membros da comunidade LGBT e outras minorias no Vale do Silício que possam se sentir excluídos por ferramentas de busca de emprego que exibem o nome e a foto se sintam confortáveis usando o Blendoor.
“Eu conheço muitas pessoas bem-sucedidas, educadas em universidades da Ivy League e afro-americanas entre os 35 e 45 anos que se recusam a usar o LinkedIn por medo de discriminação”, disse ela.
“Estas empresas são fundadas por homens brancos. Há uma psicologia que eu entendo como uma mulher negra que dirigiu o como e o porquê de termos criado o produto desta maneira.”
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O app irá, obviamente, coletar estatísticas úteis sobre quem está se candidatando às posições mais concorridas da área da tecnologia e quem está sendo “combinado”, na linguagem do app, com empregos. “O Blendoor quer tornar as empresas responsáveis a partir do uso de dados”, disse Stephanie.
Se tudo correr conforme seus planos, ela pode testar a tecnologia do Blendoor no mundo do capital de risco, onde minorias – mulheres negras, especialmente – fizeram pouco progresso.
“Quando você pensa sobre isso, nomes e fotos não são necessários para a transação”, afirmou Stephanie. Ela levantou US$ 100.000 em investimentos para a Blendoor. Metade disso veio da Pipeline Angels, uma rede de mulheres investidoras e empreendedoras sociais que fundam diversas empresas.