A saída da Grã-Bretanha da União Europeia custaria ao trabalhador britânico médio o equivalente a um mês de salário até 2020, disse a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) nesta quarta-feira, juntando-se a um coro de entidades econômicas alertando contra uma possível saída do bloco.
José Ángel Gurria, secretário-geral da OCDE, disse que a Grã-Bretanha teria menos acesso ao mercado único de 500 milhões de consumidores da união, que os investimentos desacelerariam e que as empresas poderiam se transferir para outros países como resultado da medida.
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Enquanto economistas do organismo global de formulação de políticas econômicas avisam sobre os riscos de maiores pressões sobre o amplo déficit comercial britânico e de uma queda no valor da libra esterlina, Gurria disparou contra os defensores da campanha do “sai”, que acusou de estimularem uma “ilusão” ao dizerem que o país irá prosperar fora da UE.
Ele afirmou que as cifras oficiais divulgadas nesta quarta-feira mostram que o crescimento econômico da Grã-Bretanha desacelerou no primeiro trimestre deste ano, enfatizando como a possibilidade do abandono da UE já afeta a confiança.
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Analistas dizem que o impacto do referendo de 23 de junho, que decidirá se o país permanece ou se retira do bloco, provavelmente deve ser mais sentido no segundo trimestre, e números da indústria revelam que as vendas no varejo atingiram seu menor nível em mais de quatro anos em abril.
Gurria disse, sem meias palavras, que não haveria benefícios econômicos para os britânicos no caso de uma saída, mesmo com as perspectivas mais favoráveis.
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“Nossa conclusão é inequívoca”, afirmou em um discurso em Londres. “A Grã-Bretanha é muito mais forte como parte da Europa e a Europa é muito mais forte com a Grã-Bretanha como mola propulsora. Não há lado positivo para a Grã-Bretanha em uma retirada, só custos que podem ser evitados”.
Os defensores do “sai” imediatamente questionaram a credibilidade de OCDE, dizendo que ela prejudicou sua reputação alardeando os benefícios do euro.
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O apoio à campanha pelo rompimento aumentou nos últimos dias, segundo duas pesquisas de opinião divulgadas na terça-feira, apesar das expectativas de que um pedido do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, e de outras figuras globais para que a Grã-Bretanha continue no bloco ajudaria a campanha do “fica”.
(Por William Schomberg, com reportagem adicional de David Milliken, Estelle Shirbon, Andy Bruce, Ana Nicolaci da Costa e David Milliken)