Enquanto a Uber enfrenta críticas por não investigar o passado de seus motoristas, Michael Pelletz, um norte-americano de Massachusetts, acaba de lançar um aplicativo de transporte privado “dirigido por mulheres e somente para mulheres”.
A Chariot, no entanto, já trouxe um debate em torno do serviço: Pelletz pode ser processado na justiça por somente contratar e servir mulheres, ainda que as corridas aceitem crianças de até 13 anos.
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O fundador da companhia diz que tirou a ideia da própria Uber. Depois de seu pai ser diagnosticado com um tumor no cérebro, Pelletz passou a dirigir pela companhia durante 17 horas por dia. “Eu realmente gostava de dirigir pela Uber, gostava de conversar e conhecer novas pessoas”, disse ao jornal “The Washington Post”.
O empreendedor de 41 ficou nove meses como motorista, ouvindo todos os tipos de histórias. Algumas, no entanto, começaram a chocá-lo: “Ouvia muitas histórias de mulheres que apanharam de motoristas”, afirmou.
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Motoristas da Uber já foram acusados inúmeras vezes de assédio sexual. No último mês, o BuzzFeed mostrou que menos de 170 queixas do tipo foram feitas entre dezembro de 2012 e agosto de 2015 , mas que esse número pode ser questionado. Em fevereiro, o “The Washington Post” mostrou histórias de motoristas da Uber com históricos criminais como racismo, dirigir embriagado e estupro. Enquanto isso, somente 14% dos motoristas de Uber são mulheres.
“A oportunidade econômica excluiu as mulheres, mas não de propósito. As mulheres se deixaram ficar fora disso”, disse Nick Allen, fundador da antiga Sidecar.
O funcionamento da Chariot, segundo o próprio site da companhia, levou cerca de 10 minutos para ser desenhado por Pelletz. “Levei muitas meninas novas para casa entre às 2 e às 3 da manhã, muitas sem saber dizer o próprio nome. Eu tenho duas filhas e ensinei que elas devem andar com uma faca escondida. Boston é cheia de predadores, e meus instintos paternos me levaram a criar a companhia”, afirmou.
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Todas as motoristas da Chariot passarão por investigações e serão cadastradas pelas digitais. Elas poderão ganhar até US$ 25,00 por hora, o que a companhia chama de “melhor compensação do negócio”. Elas deverão responder a algumas perguntas de segurança todos os dias antes de começar a trabalhar, tudo para assegurar a identidade das motoristas. Mulheres transgêneras também poderão dirigir.
Até o lançamento da companhia no dia 19 abril, Pelletz e sua esposa Kelly, presidente da companhia, enfrentarão uma questão legal: seria a Chariot descriminatória?
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“Não há nada de errado em fazer propaganda exclusiva para mulheres”, disse Dahlia Rudavsky, especializada em leis do trabalho norte-americanas. “Porém, se a companhia se recusar em atender homens, eles podem encontrar problemas judiciais.”
“Eu não me preocupo com isso. Tudo que estamos fazendo é proteger nossas motoristas, e o meu time de advogados irá garantir que isso é legal”, completou Pelletz. Mais de mil mulheres já se cadastraram para dirigir pela companhia.