Para quem vive em cidades grandes e industrializadas, viajar através de túneis já é rotina, mas os engenheiros noruegueses querem construir o primeiro em um fiorde (entradas de mar entre altas montanhas rochosas) – um túnel subaquático e flutuante. Essa ideia foi proposta como parte de um grande projeto de infraestrutura na Noruega – uma melhoria da E39, uma estrada que liga Kristiansand (no sul do país) a Trondheim (no norte), uma rota com aproximadamente 1100 km de distância. Mas graças à geologia da Noruega, ela passa por sete fiordes. O que significa que o caminho entre as duas cidades dura 21 horas. A melhoria tem como objetivo tornar o trajeto mais fácil, dispensando o uso de trens e reduzindo o tempo de viagem para 11 horas. É aí que o túnel flutuante entra.
Arianna Minoretti, engenheira sênior da Statens Vegvesen – administradora de vias públicas da Noruega – vem estudando junto com seus colegas e vários consultores a viabilidade de construir uma ponte em um dos maiores fiordes no caminho: o Bjørnafjord. “Para o usuário, a estrutura será indistinguível de um túnel tubular”, diz. “Porém, em temos de comportamento, ele tem muito mais a ver com uma ponte.” A descrição pode explicar a grande diversidade de nomes dados a essa estrutura – oficialmente chamada de Ponte-Tubo Flutuante (floating tube-bridge – SFTB – em inglês). Também é conhecida como túnel suspenso ou Ponte de Arquimedes, inspirado no filósofo que descobriu o princípio da flutuabilidade.
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Na visão de Ariana, o SFTB seria feito de dois longos tubos de concreto, um para cada direção de viagem, ligados um ao outro por treliças. Seções desses tubos seriam construídas em uma doca acima do nível d’água antes de serem fechadas e levadas até onde seriam instaladas. Uma vez que os tubos estão instalados, um balastro poderia entrar neles, ajustando seus pesos e afundando-os até o volume ideal. Lá, o tubo poderia ser ou conectado às rochas logo abaixo ou ligado a treliças ligadas às duas margens. Esses tubos e conexões manteriam o túnel estável para que o usuário não se sinta enjoado ao utilizá-lo. Esse túnel em particular estaria a 30 metros de profundidade, levando em conta o tráfego marinho, muito frequente no local.
Esse projeto juntou experts de vários setores diferentes – de engenheiros especializados em túneis a ecologistas marinhos. De acordo com Arianna, o sucesso desse projeto poderia criar um novo ramo de construção que afetaria países além da Noruega. Mas, por enquanto, é só uma proposta – uma dos três que estão sendo planejadas para esse fiorde. Os outros dois são uma ponte suspensa e uma ponte flutuante.
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Porém, nesse ambiente, até uma ponte seria um desafio. Para começar, teria que ter uma distância de, no mínimo, 5 quilômetros, o que a tornaria uma das mais longas do mundo. Também teria que aguentar ventos muito fortes e a maresia que é corrosiva. A preferência de Arianna é clara: “Realmente espero que possamos construir o SFTB. Para uma engenheira como eu, seria o projeto dos sonhos. Seria o primeiro do mundo, e mostraria uma solução para aqueles que querem construir novos caminhos, mas que também querem preservar as paisagens naturais sem danificá-las.”
Uma decisão final sobre o futuro de Bjørnafjord’s será dada até o fim de 2016.