Não faltaram tentativas dos colegas engenheiros nipo-brasileiros Tatsuo Suzuki, Wataru Ueda e Toru Miyagi Kinjo de convencer a empresa de equipamentos hospitalares na qual trabalhavam de que era possível — e necessário — melhorar os ventiladores pulmonares que fabricava. Diante da resistência da companhia em implementar as mudanças, o trio pediu as contas e foi apostar nas suas ideias por meios próprios.
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“Tínhamos muita vontade de fazer as coisas mais inovadoras, sabíamos que dava para fazer melhor”, conta Suzuki, 66, diretor industrial de qualidade da Magnamed. Motivados pela ideia de produzir equipamentos com a interface simplificada, mais simples e leves, que pudessem ser levados para qualquer lugar, os três ex-colegas se instalaram na garagem da casa da mãe de Wataru. Ali, em 2005, usaram sua expertise para desenvolver um protótipo que deu origem à Magnamed.
Foram necessários três anos para finalizar seu primeiro produto, o VentMeter, um calibrador utilizado para testar a eficiência dos ventiladores pulmonares. A arrancada foi sob a tutela da Cientec, incubadora de empresas de tecnologia da USP, até que a empresa montasse sua primeira fábrica, em Vila Mariana, São Paulo.
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O pulo da Magnamed veio com o OxyMag, um ventilador pulmonar portátil, com uma interface simplificada para ajudar médicos e paramédicos a agirem de forma mais rápida em emergências. O equipamento começou a ser exportado antes mesmo de ser vendido no Brasil, tamanha a aceitação no exterior. “Era um produto bastante diferente de tudo o que havia”, diz Suzuki, que já foi diretor técnico do Instituto do Coração (Incor).
A grande inovação do OxyMag era poder ser usado em bebês (inclusive prematuros), crianças, adultos e idosos, apenas selecionando o tipo de paciente — quando até então as ambulâncias tinham que ter vários ventiladores, para cada tipo. Era também mais leve e mais barato do que os demais equipamentos existentes na época. Sua bateria durava três vezes mais do que a dos concorrentes e, para completar, contava com um serviço de assistência remota. Portátil, pode ser usado tanto em ambulâncias como em UTIs.
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O revolucionário OxyMag é, até hoje, o carro-chefe da Magnamed, e abriu caminho para um portfólio completo de ventiladores pulmonares. Os equipamentos da empresa são exportados para mais de 40 países. “Nós nos preparamos para o mercado internacional”.
Ao longo do caminho, a empresa recebeu o fôlego de dois aportes, dos fundos Criatec e Vox Capital. E para acompanhar a demanda, no início de 2015, a empresa colocou em operação uma nova fábrica no distrito industrial de Cotia, na Grande São Paulo.
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Como fornecedores de soluções para o mercado de critical care, os sócios da Magnamed costumam professar que seu principal produto é salvar vidas. E têm até número: até hoje, já foram cerca de 1 milhão.