Antes de criar aquela que se tornou a maior empresa de prevenção de fraudes no e-commerce do Brasil, o curitibano Pedro Chiamulera, 51, já costumava correr para superar obstáculos, mas eram muito diferentes dos da vida de empreendedor.
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Chiamulera era atleta, disputava corrida de barreiras, carreira que lhe proporcionou uma bolsa de estudos nos Estados Unidos, onde se graduou em ciências da computação. Nos anos 1990, participou das Olimpíadas de Barcelona e de Atlanta, nos 400m e nos 100m com barreiras.
Depois da volta ao Brasil, trocou a vida de esportista pelo mundo da tecnologia da informação, que o levou a trabalhar para grandes empresas, como a C&A — onde conheceu o estatístico Bernardo Lustosa, que se tornaria seu sócio anos depois. Foi para desenvolver um software de prevenção de fraudes para o site Submarino que criou a ClearSale, em 2001. “Meu talento era mais como vendedor do que como programador”, lembra.
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Apenas quatro anos depois, a ClearSale travou. De 25 estagiários, restaram apenas dois. “Em 2005, quebramos. Eu tentava vender o almoço para pagar o jantar.” Foi nessa época que resolveu fechar o foco. Com a popularização da internet, Chiamulera percebeu que a fraude era o tendão de Aquiles do comércio eletrônico, e que faltavam soluções no mercado brasileiro. A ClearSale fez sua aposta num nicho em eclosão, mas o fez de forma diferente. “Tecnologia de ponta não era suficiente para evitar a fraude. Era preciso ter gente no processo.”
Quando todos caminhavam para a automatização, o empresário recorreu à autenticação humana, para evitar que bons clientes (“os 96%”) tivessem suas compras reprovadas por causa dos ruins (“os 4%”). “Trabalhamos com a integridade, só a sensibilidade humana para dar conta desse intangível.”
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Foi a essa altura que entrou como sócio o estatístico Bernardo Lustosa, que Chiamulera conhecera anos antes. E então a equação do sucesso se cristalizou: tecnologia + estatística + análise humana formaram um bem-sucedido tripé para combater fraudes.
A partir daí, o número de clientes multiplicou, levando a empresa à liderança do segmento. Hoje, 80% do e-commerce brasileiro passa por ela, que atende nove dos dez maiores varejistas do país, três das cinco maiores companhias de telecomunicações, e duas das quatro principais empresas aéreas.
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Apesar da liderança e de algumas propostas de compra, o empresário sabe que não pode dormir sobre os louros. Mesmo porque os fraudadores não dormem no ponto. “Este é um mercado voraz, e temos que estar com o nosso exército preparado. Sempre vai ter algum espertinho a postos, querendo pegar informação para fazer dinheiro. A fraude é dinâmica e a tecnologia é demorada.”