A Apple negocia a compra da montadora britânica de carros de superluxo McLaren Technology, em um negócio avaliado entre US$ 1,3 bilhão e US$ 2 bilhões, de acordo com uma reportagem de ontem (21) do jornal “Financial Times”. A aquisição permitiria reforçar as tentativas da empresa de Tim Cook para construir o seu próprio carro.
De qualquer maneira, comprar a McLaren seria uma estratégia no mínimo estranha. Sim, por esse valor, a companhia pode facilmente ser comprada pela gigante de Cupertino (sem contar na expertise tecnológica que ela ganharia), mas a McLaren é conhecida por fazer carros ultra caros que podem ser comprados por apenas 0.01%.
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Desde o início de 2015, tem sido especulado que a gigante da tecnologia quer desenvolver um veículo através do seu programa Project Titan. Dado que a Apple é uma empresa conhecida por fabricar dispositivos eletrônicos para o mercado premium, enquanto a McLaren construiu uma reputação por criar carros de alta perfomance, por que elas querem se juntar?
A construção de veículos é um processo muito complexo e, como outros fabricantes têm demonstrado repetidamente, as chances de fracasso são muito maiores que as de sucesso. Como resultado, uma parceria com um fabricante de automóveis pode tornar as coisas muito mais fáceis para a Apple. Porém, infelizmente, seus sucessos ao longo dos 15 anos que esteve no mercado podem estar freando esse desenvolvimento inusitado.
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A hipótese mais provável é que a maioria das pequenas e grandes montadoras da indústria não querem ser ofuscadas pela Apple. Relatórios do começo deste ano mostraram que a empresa norte-americana estava interessada em desenvolver produtos usando a tecnologia do chassi de carbono dos carros da BMW. Fibra de carbono fornece uma força enorme e uma leveza incomparável, uma boa combinação para um veículo elétrico. Aparentemente, essas conversas não deram frutos.
De qualquer maneira, se a Apple está procurando algum fornecedor de fibra de carbono automotiva, dificilmente vão achar alguém como a McLaren. Foi ela que introduziu a fibra de carbono nos esportes automotivos em 1981. Atualmente, esta tecnologia é um requisito padrão em competições de alto nível. A montadora britânica também tem experiência significante em carros elétricos.
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Se a Apple comprar a McLaren, isso pode significar tanto uma mudança de direção em sua programação interna para a alta performance como poderia apenas significar que ela terá acesso a uma tecnologia diferente.
Pode-se pensar que a Apple aprendeu a lição depois do fracasso que foi o Apple Watch Edition, o mais caro da linha. No ano passado, a companhia vendeu a versão de 18 quilates por US$ 10.000 – muito mais que vários consumidores Apple estão dispostos a pagar e os mesmos que não viram benefício nenhum em um Apple Watch Sport de US$ 350.
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No entanto, a versão ultra cara rendeu bastante dinheiro para a empresa. Os novos modelos anunciados este mês custam muito menos, o mais barato custando US$ 1.300. Ainda é um relógio de luxo, mas um que se encaixa melhor no padrão Apple de celulares, iPods e MacBooks.
Se a Apple se aventurar no mercado automobilístico, será necessário fazer mais que apenas ir atrás de consumidores da McLaren. Uma compra dessas vai exigir uma experiência em produção em massa, e não em carros esportivos – coisa com a qual a Tesla luta até hoje.
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Talvez a Apple esteja procurando por tecnologia automobilística em todos os cantos e a McLaren é muito mais fácil de comprar se comparada a uma Ford ou GM. Ainda assim, ficaremos de olho nas aquisições dessa gigante da tecnologia.