Conhecido mundialmente como cofundador do Facebook, Eduardo Saverin é hoje um dos principais investidores do empreendedorismo no sudeste asiático. Em uma entrevista exclusiva a FORBES Brasil, o bilionário brasileiro falou de seus investimentos, da criação da rede social e do que aprendeu com a família, criadora da rede de confecção infantil Tip Top, vendida em 1987. Veja a íntegra na galeria de fotos:
FORBES Brasil: Você é um dos cofundadores da B Capital Group. Qual o seu maior foco hoje?
Eduardo Saverin: Prossigo com uma das minhas paixões mais profundas: investir e trabalhar com empresários inovadores em todo o mundo. Embora eu tenha meus próprios investimentos, dediquei os últimos anos a uma nova plataforma, a B Capital. Com o meu parceiro Raj Ganguly, apostamos em empreendedores capacitados em construir a próxima geração de empresas inovadoras de tecnologias e em trabalhar de perto com as equipes para acelerar o seu caminho para o mercado. Este é um momento incrível para a tecnologia: a inovação está se tornando cada vez mais global, e ainda não percebemos 1% do verdadeiro impacto que ela terá sobre o mundo.
Conheça Eduardo Saverin: de cofundador do Facebook a bilionário estimulador do empreendedorismo
Pelos seus investimentos mais recentes, você aposta alto no mercado do sudeste asiático. Por quê?
Embora os EUA continuem sendo a tradicional âncora da inovação, tenho visto cada vez mais ideias interessantes na Ásia. O investimento na indústria de empreendedores de tecnologia em todo o mundo tem me animado. Vou continuar a fazer isso por meio da B Capital.
Você também tem investido em uma série de startups desde que cofundou o Facebook. Como você as escolheu?
Ao investir, procuro as mesmas coisas nos EUA, na Europa, na Ásia ou no Brasil — equipe, produto, tecnologia, potencial de mercado, o crescimento das receitas e como posso agregar valor para a empresa. Eu procuro uma equipe que seja apaixonada, integrada ao local de trabalho e enxuta. Ela precisa estar disposta a ralar a fim de fazer algo bom, mas também ser capaz de ouvir, interagir e evoluir para as novas condições de mercado. O aporte de capital é uma via de mão dupla, então eu também foco em investir em empresas onde eu possa realmente me tornar um parceiro ativo da equipe. Sempre me esforcei para construir um relacionamento profundo com cada empresário e arregaçar as mangas para ajudar. Com a B Capital, eu trabalho para acelerar o crescimento de empresas de tecnologia de ponta, ajudando-as com parcerias com as maiores empresas do mundo. As startups com as quais trabalho são ágeis para inovar, elas podem criar um atalho para o seu crescimento por meio de marcas já estabelecidas, canais de distribuição e uma base robusta de capital. São algumas das normas que orientam as empresas que optei por investir até agora. Entre elas, incluo a Hampton Creek, a Silvercar, a Hopscotch e, mais recentemente, a Ninja Van e a Evidation Saúde.
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Quais lições você aprendeu no mercado de trabalho e permanece utilizando?
O mercado é algo inteiramente cíclico, mas, para ser um investidor de sucesso, é preciso ter uma aguçada visão a longo prazo, principalmente para as empresas que ainda estão em crescimento. Eu acredito verdadeiramente que estamos apenas no início da revolução tecnológica, e que as inovações daqui pra frente serão extremamente impactantes em todas as áreas de todas as indústrias ao redor do mundo. No entanto, é importantíssimo que aqueles que já tenham tido contato com a tecnologia ajudem a democratizá-la e façam isso de forma que se entenda que ela não é útil apenas para as mais altas camadas sociais.
No Facebook, você era o sócio que ia em busca do dinheiro, que cuidava dos investimentos. Como isso contribuiu para que você hoje se tornasse um investidor de tanto sucesso?
Sou bastante humilde em relação ao que aprendo com cada empreendedor, negócio e investimento. Minhas capacidades de investidor, hoje, certamente envolvem muito de cada uma das experiências que tive: ter testemunhado meu avô construir um negócio próprio enquanto eu era apenas uma criança no Brasil, a criação de um negócio tecnológico num pequeno dormitório dos Estados Unidos, e, claro, trabalhar e investir em grandes nomes de todo o mundo.
Quando você ajudava a criar o Facebook, tinha alguma ideia de que poderia se tornar uma das maiores companhias do mundo? Por que acha que a rede social cresceu tanto assim?
Minha jornada com o Facebook foi uma lição de humildade. Fiquei extremamente entusiasmado ao ver o que a companhia se tornou e o quanto ajudou pessoas do mundo inteiro em conexão e compartilhamento. Naquela época, eu não poderia imaginar tamanho impacto na democratização de vozes e inovação. Resumidamente, o sucesso foi uma combinação de sorte, timing e trabalho duro. Tenho bastante orgulho em fazer parte dessa história, ainda que o time atual mereça um crédito enorme por fazer crescer, aperfeiçoar e adaptar a rede aos dias de hoje. A intenção sempre foi colocar no mercado um produto perfeito, que digitalizasse e transferisse a interação que sempre existiu no mundo físico. O Facebook foi mantido apto para o mercado, apesar de superexpandido. Certamente, o feedback dos usuários teve contribuição importantíssima para que hoje a rede social fosse tão de primeira linha para comunidades pequenas ou mundiais.
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Você ainda tem algum papel no Facebook? É um usuário da rede?
Continuo um grande acionista e um ávido usuário. Compartilho minha vida pessoal com entes queridos e, entre outras coisas, notícias e conteúdo de tecnologia e inovação com empreendedores pelo mundo.
O que você acha do fato de o Brasil ser o terceiro maior mercado para o Facebook no mundo?
Eu não fico surpreso. Os brasileiros estão entre os povos mais calorosos e amigáveis, além de valorizarem a família, por isso faz muito sentido que eles sejam ávidos usuários.
Quais outras mídias sociais você usa? Você poderia ranquear as mídias sociais que você usa mais frequentemente?
Também uso o LinkedIn. Não sou um usuário tão ativo do Instagram, mas vejo minha esposa usando o aplicativo o tempo todo!
Você veio de uma família de homens de negócios. Quais as lições que você aprendeu com seu pai e seu avô?
Meu avô e meu pai despertaram em mim a importância de perseguir uma paixão com energia e foco. Me ensinaram a não ter medo de falhar no caminho rumo ao sucesso. E, o mais importante, que é preciso sempre estar aberto para aprender e se adaptar, não importando quão bem-sucedido você pode ser.
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Tem planos para investir ou começar um negócio no Brasil?
Tomo uma perspectiva global para investimento em tecnologia, então, definitivamente, procuro investir e contribuir com o ecossistema brasileiro de startups. Há uma enorme quantidade de oportunidades no Brasil e estou sempre ansioso para ouvir os empreendedores.
O que você gosta de fazer para se divertir? Você tem hobbies?
Eu sou, em primeiro lugar, um homem de família. Aprecio cada momento com eles, incluindo viajar e descobrir novas lugares com minha esposa. Também sou um grande fã de meteorologia, especialmente previsão de furacões, e amo jogar xadrez.